Divulgando a visibilidade das mulheres na ciência

Abstract

E ntre as décadas de 1960 e 1970, não foram poucos os estudos que, problematizando a condição feminina, tinham em comum o intento de desnaturalizar e historicizar a subordinação da mulher nas sociedades ocidentais (Simião, 1999). A partir dos anos 80, o campo científico de estudos sobre mulheres se diversifica em estudos feministas, estudos sobre relações de gênero e estudos sobre mulheres e trabalho. 1 Embora a vasta literatura mencione tal diversidade enfatizando a herança feminista da maior parte desses interesses, pode-se apontar o surgimento de pesquisas que se pautam sobre a noção da invisibilidade das mulheres na ciência, sobre a exclusão e apropriação de mulheres cientistas e, conseqüentemente, sobre um crescimento na construção de indicadores científicos (Lopes, 2002 investigações epistemológicas que levantam perguntas relativas às implicações do que se entende por empreendimento científico (incluindo aí a autoridade epistêmica e cognitiva atribuída aos cientistas) para as clivagens de gênero vigentes, sugerindo dúvidas quanto à possibilidade e às capacidades explicativas das ciências em relação à natureza; e estudos que focalizam os contextos sociais em que se estrutura o conhecimento científico, procurando identificar os vieses e as metáforas de gênero presentes no conteúdo do conhecimento produzido por diversas disciplinas, especialmente a Biologia. (Citeli, 2001) As análises sobre gênero e ciência passam, portanto, a considerar não apenas os aspectos institucionais da participação das mulheres nas práticas científicas (indicadores de produtividade), mas fundamentalmente aspectos contextuais e de cultura científica de diferentes áreas disciplinares. A adoção da perspectiva feminista, presente em grande parte desses estudos, pode ser classificada, de acordo com González (2005), entre: (a) epistemologia feminista pós-estruturalista, da qual faz parte Donna Haraway; (b) feminismo perspectivista, corrente liderada por Sandra Harding, Nancy Harstock e Hillary Rose, entre outras, e que defende a construção de uma ciência baseada no ponto de vista feminino -nesse caso, ciência assume a perspectiva feminista e torna-se ciência feminista; e (c) feminismo contextual, liderado por Helen Longino, Elizabeth Anderson, Londa Schiebinger e Lynn Nelson, que propõe uma ciência construída por ambos os sexos, embora não defenda a formação de uma ciência feminista, mas sim a inclusão da perspectiva feminista no processo de produção das ciências. 2 Entre a perspectiva pós-estruturalista e relativista de Haraway e

Delimitação da cultura lúdica e cultura local para proposição de jogos e atividades lúdicas: uma análise dos diferentes instrumentos de coleta de dados fundamentada em Bourdieu

“…A última ação desenvolvida na pesquisa, possibilitou aos pesquisadores verificar a concepção dos estudantes quanto à visão que eles possuem de cientista. Os resultados obtidos tanto por meio dos desenhos do questionário, quanto pelas escolhas das imagens que representariam um(a) cientista (Quadro 8), confirmam o que Costa (2008), Schiebinger (2008), Lima (2013) Essa ausência de protagonismo feminino, que converge na naturalização do estigma de que a Ciência é produzida por homens brancos, tem relação com as posições ocupadas pelas mulheres nos postos de trabalho, pois de acordo com Costa (2008), tem-se delegado às mulheres tarefas consideradas femininas, que as distanciam inclusive da possibilidade de ascensão na carreira, e da participação das tomadas de decisão.…”

“…Esse preconceito se perpetua desde os primórdios da sociedade, e os relatos remetem à cultura grega, posteriormente sustentada pela igreja católica, que Página | 195 durante muito tempo direcionou a submissão das mulheres aos seus parceiros. De acordo com Costa (2008) e Schiebinger (2008), a Ciência é masculina devido a uma série de fatores, dentre eles, o fato da profissão cientista não ser considerada uma atribuição feminina, o que influenciou no silenciamento de suas contribuições para o desenvolvimento científico em diversos âmbitos, sendo que as poucas mulheres reconhecidas na Ciência dividiram seus méritos com homens.…”

“Infelizes De Uma Vida Depravada E Cheia De Horrores” –Sexualidade Feminina, Raça E Classe No Conhecimento Neuropsiquiátrico (Rio De Janeiro, 1883- 1912)

“…Deste tipo são alguns romances populares que destacam Émilie apenas por sua ligação com Voltaire(COSTA, 2008). Provavelmente essa ênfase se deva a correspondance littéraire (correspondência literária) escrita por Madame du Deffand(1696-1738), 28 anos após a morte de Émilie.…”