RESUMOAborda-se, neste artigo, a educação em saúde voltada ao portador de doença crônica, contextualizando-a com a influência que as estruturas das redes sociais exercem sobre as pessoas. Para tanto, tem-se como objetivo fazer uma reflexão sobre a educação em saúde relacionada com as doenças crônicas e sua implicação com as redes sociais, procurando-se mostrar a importância de uma educação que busque articular o saber popular e o saber científico como saberes complementares. A reflexão aqui construída é produto das discussões acerca da temática realizadas no grupo de pesquisa das autoras entre estudantes da graduação e da pós-graduação. As redes sociais influenciam na construção e percepção do processo saúde-doença. Defende-se que a educação em saúde, como prática social, busque o desenvolvimento da autonomia e da corresponsabilização dos sujeitos e grupos sociais no cuidado com sua saúde. Defende-se também que os profissionais de saúde reconheçam e congreguem os diferentes saberes, possibilitando a efetividade das ações. Considera-se, ainda, a complexidade da promoção de decisões autônomas, pois abarca as relações dos indivíduos com seu meio, isto é, com as redes sociais em que estão inseridos.Palavras-chave: Educação em saúde. Apoio social. Doença crônica.
INTRODUÇÃOAs doenças crônicas representam, na atualidade, a causa principal de morte, tanto nos países centrais como nos periféricos. A sua expansão reflete os processos de industrialização, urbanismo, desenvolvimento econômico e globalização alimentar, que acarretam alteração das dietas alimentares e aumento de hábitos sedentários, cujo resultado é que a metade das mortes está diretamente associada às doenças cardiovasculares (1) . Ao abordar-se a doença crônica, é imprescindível ao profissional de saúde ter em mente a existência, no seio da comunidade, de um cuidado não profissional, centrado no próprio portador da doença e sua rede de relações. Nessa perspectiva, podem-se visualizar sistemas de cuidados complementares que podem estar mais ou menos aproximados.A visão científica de saúde e doença não é a mesma que a popular. As pessoas, no processo de adoecimento, encontram-se imersas em uma rede social que pode proporcionar um cuidado fundamental. Por essa razão, torna-se um dos grandes desafios dos profissionais de saúde, entre eles o enfermeiro, trabalhar com as singularidades e complexidades dos contextos de vida, por meio da educação em saúde. As críticas ao modelo vigente de educação em saúde têm sido frequentes nos últimos anos, principalmente a partir da década de 1980 (2,3)