O conceito e a avaliação de bem-estar é um objeto de disputa dentro da Economia, lugar em que diferentes teorias pleiteiam sua legitimidade e, por extensão, a dominação científica. Por meio de uma revisão de literatura, o presente trabalho almeja interpelar esse debate fornecendo paralelos entre o entendimento de bem-estar proveniente da Abordagem das Capacitações de Amartya Sen com o da Economia Feminista bem como contrapô-los com o entendimento da teoria econômica neoclássica. Segundo os pressupostos dessa última, o bem-estar é visto como a satisfação de preferências e é avaliado segundo o critério de eficiência de Pareto. O que importa são as consequências das escolhas e atos dos indivíduos para com eles próprios e não considerações éticas sem laços com a satisfação de preferências. Em oposição à essa perspectiva julgada de extremo reducionismo informacional, Sen desenvolve a Abordagem das Capacitações entende bem-estar como uma questão do que os sujeitos são capazes de ser e de fazer e, consequentemente, do tipo de vida que eles, efetivamente, são capazes de conduzir ou de perseguir. A Economia Feminista, também critica à primeira interpretação, observa que o bem-estar deve estar inserido em uma metodologia emergente e mais abrangente chamada de provisão social. Por meio dessa metodologia, a manutenção da sobrevivência humana está entrelaçada em um conjunto de mercadorias e processos que vão além de variáveis meramente materiais. A Abordagem das Capacitações tem aderência ao projeto de pesquisa da Economia Feminista, pois, ao não restringir o bem-estar a questões financeiras, reconhece a diversidade humana e permite pensar em questões dentro e fora do mercado, e endossa os cinco critérios pertinentes à abordagem de provisão social.