Resumo: Investigação qualitativa exploratória com enfoque fenomenológico-hermenêutico crítico, visando a compreender percepções e experiências acerca da obesidade entre usuárias de um Centro de Saúde da Família. A estratégia metodológica adotada foi a articulação entre as entrevistas em profundidade e a observação livre junto a uma amostra intencional composta por oito mulheres obesas usuárias de um Centro de Saúde da Família localizado na cidade de Fortaleza, Ceará (Brasil). A categorização do material empírico indicou quatro eixos temáticos de análise: 1) Autopercepção do corpo; 2) Etno-etiologia da obesidade; 3) Estigma e suas repercussões nas distintas esferas da vida; 4) Trilhando os Caminhos da Cura. Apesar de reconhecerem o excesso de peso presente em seus corpos, sob outra terminologia, as mulheres não se identificam como obesas. Os sintomas clínicos e as dificuldades em desenvolver atividades diárias, bem como o discurso do profissional de saúde, foram importantes deflagradores da percepção da obesidade. Sobre essas mulheres pesa fortemente o estigma da obesidade, trazendo repercussões no seu dia a dia, influenciando as relações sociais, familiares e de trabalho. As participantes consideram a obesidade uma doença passível de cura, sendo fortemente influenciada por suas próprias ações. O conceito de cura para as depoentes não parece se vincular à obtenção de um corpo magro; dessa forma, visam à redução do uso de medicamentos e à possibilidade de realizar as atividades diárias. Para o acompanhamento deste grupo na atenção básica, se faz necessário agregar ao aspecto biomédico a perspectiva de quem vivencia a obesidade. Palavras-chave: alimentação e nutrição; obesidade; pesquisa qualitativa; cultura; estigma.