“…Outro aspecto distorcido da cobertura do Jornal Nacional foi a grande ênfase dada aos potenciais benefícios que poderiam ser alcançados como resultado da pesquisa com células-tronco, assim como a novos tratamentos e cura para doenças que ameaçam a vida de várias pessoas, em contraste com as poucas referências aos riscos e limitações envolvendo-as e a outras questões importantes subjacentes. Por exemplo, as dificuldades e os desafios que os pesquisadores vinham enfrentando nas bancadas de laboratório (Gallian, 2005), o pequeno índice de sucesso obtido até então como resultado de pesquisas com células-tronco embrionárias (Luna, 2007;Gallian, 2005), os riscos de essas células formarem um teratomaum tipo de tumor que pode ser tanto benigno quanto maligno (Luna, 2007) -, o modo como se daria o acesso aos tratamentos e o papel da indústria nesse processo (Souza, Caitité, 2010) foram basicamente omitidos, fazendo crer que a única barreira a novos tratamentos e curas, acessíveis a toda a população, era a legislação. Em uma análise sobre a espetacularização da ciência, Gallian (2005, p.256) critica fortemente o clima de euforia que a mídia teria ajudado a construir em torno das células-tronco:…”