RESUMO:A análise da literatura de Enfermagem evidencia que desde os primórdios da profissão até o presente, o conforto é uma meta do cuidado e um conceito presente em toda a sua história. Assim, este estudo analisa concepções teóricas sobre conforto na história da enfermagem e seus determinantes, na tentativa de encontrar pistas para lançar luz nas imprecisões teóricas existentes sobre conforto e nas contradições experienciadas na prática e ensino da enfermagem no que se refere a promoção do conforto.
INTRODUÇÃOA análise da literatura de Enfermagem evidencia que desde os primórdios da profissão até o presente, o conforto é uma meta do cuidado e um conceito presente em toda a sua história (1)(2) . Todavia, o enfoque de conforto modifica-se ao longo dessa história e sofre influên-cia de fatores religiosos, da racionalidade médico-científica, das exigên-cias políticas e econômicas institucionais, entre outros.A compreensão da origem e evolução das concepções atribuídas ao conforto e seus determinantes impõe a tarefa de revisar e analisar a histó-ria da enfermagem, bem como o arcabouço conceitual que a constitui como prática e discurso científico, pois a identidade e subjetividade dos profissionais de enfermagem não é algo inato, mas formado ao longo da história das práticas de enfermagem; estão vinculadas aos elementos conceituais implícitos ou explícitos nos modelos teóricos que, hoje, legitimam a enfermagem como profissão.Assim, esse estudo, tem como objetivo analisar as concepções teó-ricas sobre conforto na história de enfermagem e seus determinantes, visando encontrar pistas para lançar luz nas imprecisões teóricas existentes sobre conforto e contradições experienciadas na prática e ensino da enfermagem no que se refere a promoção do conforto.
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CONFORTONos primórdios, a enfermagem era uma obra de misericórdia para a salvação da alma. Desde o início da era cristã, constata-se que o conforto era sua meta:O cuidado consistia em dar banho nos pacientes, especialmente naqueles que tinham doenças transmissíveis e estavam febris, fazer curativos, incluindo aplicação de compressas nas áreas queimadas, dar alimentos e dieta líquida e proporcionar conforto físico e espiritual a todo o paciente, especialmente ao moribundo (3) . Na idade Média européia, os agentes da enfermagem eram pessoas ligadas à Igreja Católica Romana, cujas práticas eram desvinculadas das atividades médicas. A salvação de suas almas dependia da salvação da alma do doente, por meio do cuidado. Havia uma relação direta entre os agentes (enfermeiros) e os