A noção de enraizamento na Psicologia Ambiental apresenta caráter polissêmico, delimitando um campo de discussão importante nesta área de conhecimento. De maneira geral, as definições enfatizam a importância do passado e da recorrência dos ambientes vividos na constituição da identidade pessoal e coletiva. O objetivo deste trabalho é colaborar com uma definição mais rigorosa deste termo. Para isso, analisa-se seu uso por autores centrais deste campo do conhecimento e procura-se comparar alguns dos sentidos presentes em suas obras. Defende-se que a ênfase no quadro temporal passado e na recorrência dos lugares representa um viés identitário limitador, o que permite propor que o enraizamento implica a participação ativa em uma coletividade, de modo a articular passado, presente e futuro em projetos coletivos significativos para o indivíduo e seu grupo. Palavras-chave: psicologia ambiental; territorialidade; perspectiva de tempo; participação.
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi estudar as relações entre participação política e enraizamento territorial entre moradores de um Quilombo do Vale do Ribeira (SP). Esta pesquisa foi desenvolvida junto ao Programa de Pré-Iniciação Científica da Universidade de São Paulo, almejando que estudantes de escolas técnicas públicas daquela região desenvolvessem um projeto de pesquisa completo, de forma a contribuir com a sua formação científica. Durante o programa (que durou um ano), os alunos participaram de todas as etapas da pesquisa: desde a formulação inicial das questões investigadas até a apresentação da pesquisa às lideranças comunitárias, visitas à comunidade para realização de observações e entrevistas, interpretação dos dados colhidos e devolutiva dos dados à comunidade. Alunos e professores puderam refletir sobre as relações entre escola e comunidades tradicionais da região e obtiveram uma melhora significativa nas atividades pedagógicas. Conclui-se pelo valor formativo da inserção da Psicologia na grade curricular do Ensino Médio, tanto pelas possibilidades interdisciplinares que apresenta quanto por favorecer reflexões sobre a relação entre o indivíduo participante, sua escola e o entorno físico, social e cultural. Palavras-chave: Psicologia Ambiental, Quilombo, Apego ao Lugar, Ensino Médio. Scientific Pre-Initiation in Psychology: Contribution to Scientific Education in High SchoolsAbstract: This article aimed to study the relationship between political participation and territorial rooting among residents of a Quilombo located at the Ribeira Valley area (SP). The project was carried out within the Scientific Pre-Initiation Program of the University of São Paulo, and aimed to facilitate students of technical education in public schools to develop a complete research project, thus contributing to their scientific studies. During the program (that lasted for 12 months), students participated in all stages of the research: from the initial formulation of the issues investigated to the presentation of the project to the community leaders, including community visits to perform observations and interviews, interpretation of the data collected, and a final visit to the community in order to present the research results. Students and teachers were able to reflect about the relationship between the school and traditional communities in the region and achieved a significant improvement in educational activities. We conclude that the inclusion of Psychology in the high school curriculum has a formative value, both for the interdisciplinary possibilities that it presents as for the reflections on the relationship between the participants, their school and their physical, social and cultural environment that it favors.
Since its inception as a modern and evolving discipline, psychology has been concerned with issues of human security. This think piece offers an initial conceptualisation of human security as a broad security concept that encompasses a range of interrelated dimensions that have been responded to by different sub-disciplinary domains within psychology. We advance an argument for a human security psychology as a connecting focal point for general psychology that enables us to bring knowledge from across our eclectic discipline into further dialogue. This is a necessary step in understanding better the state of current thinking on the psychology of security and as a basis for informing further theory, research and practice efforts to address issues of human (in)security. This initial effort is informed by Assemblage Theory, which offers a dynamic and contextually rich perspective on people as agentive beings entangled within evolving natural and social formations that can foster or undermine their experiences of [in]security. The article is completed with a brief agenda for advancing human security psychology.
E d i t o r i a l http://dx.doi.org/10.1590/0103-656420152602 Psicologia USP 129 As relações entre sistema produtivo e criação de conhecimento científico ganham relevância contemporaneamente no Brasil, quando as instâncias de administração universitária procuram intensificar o impacto comercial da atividade acadêmica na forma, por exemplo, de cursos, consultorias e patentes. Pode-se argumentar que tal estado de coisas já estivesse implícito na origem da ciência como instituição, mas sua configuração só ganhou plenitude nos Estados Unidos após o final da II Guerra, quando o sistema industrial, o sistema militar e o conjunto de instituições responsáveis pelo desenvolvimento científico e tecnológico naquele país, agora formando também um sistema, começaram a operar em conjunto, constituindo o que passou a ser conhecido como big science (Domingues, 2014) e compondo um aspecto significativo do quadro geopolítico que operou durante a Guerra Fria. Neste cenário, não há separação temporal entre a criação de conhecimento científico e sua aplicação tecnológica (Tassara, 2013), o que torna pouco pertinente a distinção entre ciência pura e aplicada -a própria criação de conhecimento se faz por encomenda do Estado, com finalidades político-militares e também industriais; a ciência aproxima-se da esfera da produção de mercadorias, e as ideias passam a ser vistas como produtos a serem comercializados -; chega ao fim a era da ciência acadêmica e da "idade da inocência" e tem início a era da ciência industrial (Domingues, 2014).Conquanto tenha levado algumas décadas para que tal configuração fosse observada mais claramente no Brasil, ela vem se impondo rapidamente no cotidiano de trabalho de professores e pesquisadores, e é cada vez mais pertinente, do ponto de vista da crítica social do conhecimento, observar em conjunto as transformações que vêm ocorrendo na indústria e na universidade. Neste sentido, nas últimas décadas, houve mudança acentuada na organização do trabalho universitário, que pode, de pleno direito, ser caracterizada como uma reestruturação produtiva.A expressão "reestruturação produtiva" consagrou-se na literatura sociológica como o termo que designa as recentes transformações da organização do trabalho, de seus aspectos técnicos e das formas de mobilização da mão de obra dentro e fora dos ambientes de trabalho, ocorridas a partir da década de 1970 nos países capitalistas (Harvey, 2010). Ainda que não tenham ocorrido de forma homogênea nos países centrais ou periféricos, essas A reestruturação produtiva universitária e suas consequências sobre a produção acadêmica transformações estão articuladas ao avanço das políticas neoliberais: a superação da crise de acumulação desse período e a reposição dos patamares anteriores de expansão do capital demandaram uma articulação entre políticas de desregulamentação dos direitos do trabalho, privatização do Estado, desmontagem do setor público estatal e novas formas de planejamento e execução das atividades de trabalho (Antunes, 2002), sem que o estado tenha abdicado de ...
Mining conditions in Brazil tend to be viewed as extremely insecure. Insecurity is a situation in which potential risks that already exist directly affect people’s lives and make them vulnerable to a number of threats. One of the consequences of such insecurity is fatalism, which is the belief that fate is predetermined, and everything happens in an unchangeable way. Fatalism has been associated with undemocratic social contexts. However, political participation or participation in political decision-making has been associated in the academic literature with a decrease in a sense of fatalism. This article analyzes insecurity and fatalism among women who have assumed political leadership in the fight against mining in a small city in Brazil. The research was conducted through on-site observations, workshops on mining with women, and five interviews. The main contexts of insecurity brought about by mining were related to the fear of dam rupture, urban problems such as crime and housing, mobility, and water scarcity. Women reported that before they started protesting against the mining company, they felt impotent and hopeless. After political participation, these women felt that their identity has changed, as well as their political consciousness. It also appeared that their fatalistic time perspective has also changed indicating that autocratic social relations may be central to the perception of insecurity in some social contexts.
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