“…No caso dos conselhos municipais, por exemplo, desigualdades situadas nas relações de poder locais podem contaminar e direcionar instâncias participativas, pois o exercício formal da participação, sem o combate às desigualdades que antecedem o mecanismo, faz com que as decisões sejam tomadas por aqueles que, tradicionalmente, controlam o processo político local (Cleaver, 2005;Blair, 2000;Ribot, 2007, Wong, 2003Milani, 2006;Manor, 2004). A presença de desigualdades tem o potencial de gerar graves distorções no funcionamento efetivo das instituições participativas, tais como: a reduzida e descontínua participação da população local (Pereira, 2008;Souza, 2008;Manor, 2004); a falta de acesso à informação e à educação (Sayago, 2007;Wendhausen;Caponi, 2002; Bursztyn; Moura, 2012); a não alteração do status quo local (Hayward;Simpson;Wood, 2004;Milani, 2006); a não alocação de capital social para grupos com menor poder político (Olival;Spexoto;Rodrigues., 2008;Dino, 2003); e o controle das elites locais sobre o processo decisório (Tatagiba, 2005;Fuks;Perissinotto, 2006;Portes;Landoult, 2000). Finalmente, os estudos críticos têm também chamado atenção para uma tendência de elitização nos espaços de participação, sobretudo nos conselhos gestores de políticas (Tatagiba, 2005).…”