Há um reconhecimento crescente entre os cientistas políticos de que uma fonte principal para a conquista e o aperfeiçoamento da democracia é o aprendizado político por parte dos atores sociais e políticos. Este reconhecimento decorre do fato de que "estamos particularmente interessados na sobrevivência das democracias emergentes -e em como evitar a recorrência de crises prevenindo o eventual colapso dessas democracias" (McCoy 2000). Podemos de antemão duvidar que o aprendizado político evitasse a recorrência de crises, ou ainda que sendo isso possível, prevenisse o eventual colapso da democracia. Mas, depois dos eventos de 11 de setembro de 2001, podemos inclusive adiantar que essa preocupação com o aprendizado político não se aplica apenas ao destino das democracias emergentes, pois abarca as alternativas de futuro dos próprios países centrais do Ocidente. Escrito antes desses eventos, o livro de McCoy já reconhece que a bibliografia especializada não considera satisfatoriamente como o aprendizado político reorienta os comportamentos e atitudes em apoio à democracia política e seu aperfeiçoamento.Portanto, tais críticas à bibliografia são um vasto desafio para trabalho de pesquisa ainda a ser feito. E o presente texto acata esse desafio, numa revisão teórica inicial das abordagens existentes ao aprendizado político no contexto da globalização. Num primeiro momento, consideramos as limitações da abordagem ao estudo das elites nos processos de democratização da América Latina. Em segundo lugar, salientamos as dificuldades da teoria da modernização para enfrentar o tema, nos estudos sobre os públicos massivos. Mais adiante salientamos as contribuições que uma abordagem inspirada nos trabalhos de Jürgen Habermas pode proporcionar ao estudo do aprendizado político. E concluímos 1 Doutor em Ciência Política pela New School, professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pucrs, pesquisador do CNPq.