31Rev Pan-Amaz Saude 2011; 2(4):31-37 RESUMO A malária ocorre com maior frequência nos municípios do interior da Região Amazônica, sendo notificados casos autóctones da doença em algumas capitais brasileiras. Este trabalho foi realizado objetivando descrever a incidência e a distribuição de casos autóctones de malária no Município de Rio Branco, capital do Estado do Acre. Trata-se de estudo retrospectivo, do tipo série histórica. Foram notificados 5.394 casos autóctones da doença em Rio Branco no período de 2003 a 2010. Houve predomínio de: infecção por Plasmodium vivax (3.713 casos, 73,9% do total); acometimento do sexo masculino (3.268 casos, 65,1% do total); e faixa etária de 10 a 19 anos (24,3% do total). As localidades rurais foram responsáveis por 3.252 (60,3%) casos, sendo o Projeto de Assentamento Dirigido Padre Peixoto (Linha 3 Gleba Z I) a área mais atingida pela doença. Na região urbana, os bairros Taquari e Centro (1º Distrito) foram os mais acometidos. Concluiu-se pela existência de uma tendência decrescente na incidência dos casos autóctones de malária em Rio Branco, além de uma mudança do perfil da infecção, com redução de casos originários das localidades rurais, que foram suplantados pelos ocorridos em localidades periurbanas.Palavras-chave: Malária; Vigilância Epidemiológica; Plasmodium vivax.
INTRODUÇÃOA malária é uma doença infectoparasitária responsável por alta morbimortalidade no mundo. Estudos estimam que mais de 40% da população mundial está exposta ao 1 risco de adquirir a doença .Considerada um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, a malária concentra-se em áreas endêmicas favorecidas pelo clima tropical. A Região Amazônica é a área de maior incidência da doença, o que torna a ocorrência da malária no Brasil quase exclusiva desta região, com registro de 99,8% do número total de casos. Condições socioeconômicas e ambientais favorecem a proliferação dos vetores do Plasmodium, tornando elevada a exposição dos seus habitantes ao 2 agente etiológico da malária . Somando-se a isto, dados sugerem que a elevada incidência da doença nesta região está relacionada também à expansão urbana desordenada e sem planejamento, fatos comuns nessa 3 área .Nos Estados da Amazônia Legal não há registros uniformes de casos de malária, ocorrendo diferentes graus de risco de contrair a doença dentro da região, os quais são classificados de acordo com a Incidência Parasitária 4 Anual (IPA) .O IPA é definido como o índice que expressa o número de casos por 1.000 habitantes. Por meio deste índice se pode estimar o risco de adoecer por malária em determinado local e período. Classificam-se as áreas como de alto, médio e baixo risco de transmissão (maior que 49,9/1.000 habitantes: alto risco; entre 10 e 49,9/1.000 habitantes: médio risco; de 0,1 a 9,9/1.000 habitantes: baixo risco e IPA igual a zero: áreas sem risco 1 de transmissão de malária) . O Sivep-Malária é um sistema de informação para notificação dos casos de malária diagnosticados no Brasil, que foi implantado em 2003 e que funciona a partir d...