O negro no contexto das novas estratégias do capital: desemprego, precarização e informalidade

Abstract

O presente artigo parte do entendimento de que apesar da crise e das transformações operadas no mundo do trabalho atingirem de modo geral a "classe‑que‑vive‑do‑trabalho", as novas estratégias de produção e subordinação do trabalho ao capital não afetam igualmente brancos e negros. Nesse sentido, o seu objetivo é debater a condição de desigualdade do negro no contexto das novas estratégias de produção e subordinação do trabalho ao capital. Trata‑se de identificar, por meio dos indicadores das desigualdades raciais, a desigualdade do trabalhador negro no mercado de trabalho brasileiro.

Condições de vida, trabalho e saúde mental: um estudo com trabalhadores brasileiros e espanhóis que atuam em serviço de limpeza hospitalar

“…The introduction of black people into the labor market reinforces the historical roots of the country. In the capitalist transition, it was considered incompatible with salaried work, highlighting the European immigration policy, which left black people at the sidelines of more vigorous activities, leaving out unattractive activities, with low wages and poor conditions 23 . It is important to emphasize, however, that white Brazilian workers receive wages 45% higher than black workers, even if they perform the same function 21 .…”

Cartografia das condições de trabalho de homens quilombolas e as intersecções para a informalidade e a saúde mental

“…A discriminação racial no trabalho surgiu durante o período da formação social brasileira. Com o fim do trabalho escravo e com a proclamação da República, o monopólio do poder passou a ser exercido pelos grandes proprietários rurais, que valorizaram intensamente a política do imigrante branco como símbolo da redefinição social e cultural 10 . Nesse processo, os negros foram profundamente bloqueados do trabalho assalariado e inseridos fortemente nas ocupações mais precárias e informais.…”

“…Nos territórios visitados, percebemos que os homens quilombolas são estratificados por linhas de força que impõem dificuldades para a obtenção de emprego e fragilidades na sua manutenção. A elevada proporção de trabalhadores negros em situação ocupacional muito precária sugere a existência de processos de segregação social, que se refletem exatamente na forma de inserção desses sujeitos no mercado de trabalho 10,30 .…”

“…Existem diferenças significativas no acesso à educação e, respectivamente, baixa escolaridade entre a população negra e rural 9 . Estudos indicam que os negros apresentam maior dificuldade para obter uma inserção regular no mercado de trabalho, são mais afetados pela precariedade ocupacional, desenvolvem trabalho para subsistência e possuem rendimento mensal inferior ao salário mínimo 10,11 .…”

O Feminismo Negro No Brasil E O Enfrentamento Das Opressões De Classe, Raça E Gênero.

“…(MARTINS, 2012, p. 463) As diferenças étnico-raciais perpassam as diversas esferas que compõem a sociedade inclusive na dimensão do trabalho, se os dados acima citados demonstram uma desigualdade na inserção dos negros em ocupações formais, ao analisarmos os dados estatísticos com relação ao desemprego o traço do preconceito racial se torna mais emblemático. Martins (2012) destaca que em 1995 o número de pretos e pardos correspondia a 48,6% do total dos desocupados, sendo que desse universo 25,3% eram homens e 23,3% eram mulheres; em 2006 esse quantitativo aumenta para 54,1%, sendo 23,9% de homens e 30,8% de mulheres pretas e pardas.…”