Tecidos no museu: argumentos para uma história das práticas curatoriais no Brasil

Abstract

RESUMO: O texto apresenta alguns argumentos sobre as práticas curatoriais desenvolvidas com aqueles acervos têxteis que hoje integram as coleções da Universidade de São Paulo. As atividades de coleta, documentação, conservação, exposição e trânsito das coleções foram discutidas a partir daqueles que teriam sido os vetores/valores determinantes associados aos trabalhos curatoriais dos museus no século passado. PALAVRAS-CHAVE: Conservação de Tecidos. Museus. Coleções. Curadoria. Museu Paulista. Museu de Arqueologia e Etnologia.ABSTRACT: This paper forwards certain arguments related to the curatorial practices developed around the fabrics that are now part of the collections maintained by the University of São Paulo. The activities of collecting, documenting, conserving, displaying and transfering collections were discussed on the basis of what would have been the determining guidelines/values associated with the curatorial work of museums in the last century.

Notas sobre História da Moda e da Indumentária no Brasil e possíveis aproximações com perspectivas decoloniais

“…Como explicado por Lino (2015), longe de acontecer isoladamente, uma vez que é resultado do processo de invisibilidade, que se inicia na falta de reconhecimento de alguns como sujeitos da história, pois ao não serem reconhecidos como tais, não há enunciação a respeito destes. Dentre os estudos sobre Moda e Indumentária, essa questão foi problematizada por Paula (2006) que elucida como divisões dentro do próprio campo resultam de dinâmicas sociais excludentes do Brasil colonial.…”

“…Simultaneamente, outra categoria foi criada para designar a profissão de costureiras que confeccionavam roupas da dita moda (de influência europeia) para as mulheres da elite do período. Estas eram denominadas como "modistas" (PAULA, 2006).…”

“…Contudo, no Brasil, além de haver pouca tradição de conservação museológica de artefatos têxteis e de vestuário, a formação dos acervos traz à tona as diferenças no que diz respeito à atribuição de valor aos diferentes objetos e a sua categorização, as quais são fundamentadas em critérios étnicos e raciais. Neste aspecto, estabelecem uma divisão em que se denominam de étnicos os artefatos têxteis e de indumentária indígena; e de objetos de arte aqueles relacionados à cultura africana (PAULA, 2006); enquanto os itens de indumentária e tecidos europeus não recebem nenhuma categorização adicional. Além da forma de lidar com os objetos, a constituição de acervos têxteis de museus nacionais é marcada pela falta de representatividade social.…”

“Sexual roles” at Museu Paulista collection.

“…Além disso, vale a pena citarmos que Teresa Cristina Toledo de Paula, conservadora de têxteis do Museu Paulista, afirma que a coleção de indumentária da instituição cresceu enormemente desde 1990 de forma pouco sistemática e sem critérios definidos (Paula, 2006).…”

Contribuição moderna e estratégica do design têxtil e de moda no Instituto de Arte Contemporânea (IAC-MASP) no Brasil: 1950-1953

“…Comunidades urbanas compostas por criadores culturais, vendedores, compradores e públicos 3 Paula (2006). em sua avalição sobre preservação e conservação de tecidos no Museu Paulista, a título de estudo, restringiu as coleções de artigos têxteis e se concentrou apenas em tecidos.…”