ResumoEm uma das noites de dezembro de 2007, três jovens negros, bonitos e de corpos bem torneados, entraram no salão central de uma sauna de michê, em São Paulo. Eles se mostravam atentos e ansiosos por aquele misto de corpos e desejos que as saunas prometem. Esperavam por michês que escorriam pelos corredores e cantos das saunas em direção aos privês com seus clientes. Sentaram numa das mesas dispostas no primeiro andar, no salão principal, envoltos apenas de toalhas, e ali ficaram por quase quatro horas. Eu os observava atentamente e percebia que o correr do tempo deixava-os apreensivos e desiludidos. Ninguém os procurara.Eu já estava há seis meses em campo e sabia perfeitamente que, em menos de dez minutos, algum tipo de abordagem dos michês ocorreria. Não havia percebido tais cenas até então, mas a força da espera desses jovens negros me tocou tão profundamente, que passei a reparar a partir dali em quadros similares. Os clientes negros são raros, constituem exceções que surgem vez ou outra em uma maioria