Associação entre violência por parceiro íntimo contra a mulher e infecção por HIV

Abstract

OBJETIVO: Analisar a associação entre a violência por parceiro íntimo contra mulheres e a infecção ou suspeita de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). MÉTODOS: Estudo transversal com base em dados de questionários aplicados face-a-face e de prontuários médicos de 2.780 mulheres de 15 a 49 anos, atendidas em unidades do sistema único de saúde da Grande São Paulo, SP, em 2001-2002. As mulheres foram categorizadas em: usuárias em tratamento por serem "soropositivas para o HIV", com "suspeita de HIV" e aquelas que procuraram os serviços por outros motivos. A violência por parceiro íntimo contra mulheres na vida foi categorizada por gravidade e recorrência dos episódios de violência. A associação com o desfecho foi testada pelo modelo de Poisson com variância robusta e ajustada por variáveis sociodemográficas, sexuais e reprodutivas. RESULTADOS: A prevalência de violência foi de 59,8%. Sofrer violência reiterada e grave apresentou maior associação de infecção confirmada pelo HIV (RP = 1,91). A violência independente da gravidade e da recorrência dos episódios apresentou maior associação para a suspeita de infecção por HIV (RP = 1,29). CONCLUSÕES: A violência por parceiro íntimo contra mulheres tem papel relevante nas situações de suspeita e confirmação da infecção pelo HIV, sendo essencial incluir sua detecção, controle e prevenção como parte da atenção integral à saúde das mulheres.

Mulheres em situação de violência: entre rotas críticas e redes intersetoriais de atenção

“…Destacam-se nesse sentido a situação das mulheres, cuja forma predominante de vivenciar as violências são as do tipo doméstico e em geral perpetradas pelos parceiros íntimos 3,4,5 . São situações reconhecidamente de longa duração e que produzem um leque amplo de danos à saúde das próprias mulheres, tais como uma maior chance de apresentarem pior avaliação de sua saúde e queixas de dor, perda de memória, tontura e corrimento vaginal 6 transtornos mentais comuns 7 , ideação suicida 8 , abortamentos, infecções por DST/HIV, gravidez indesejada e disfunções sexuais, além de patologias como fibromialgia 3,9 . Todas essas situações fazem com que estas mulheres usem com maior frequencia os serviços de saúde 10 , embora com pouca adesão a medidas preventivas, como uso de condom 3 .…”

Prevalência de violência por parceiro íntimo relatada por puérperas

“…Other studies in various regions of Brazil and in other cities of the state of São Paulo showed similar results. (9,10,16,(20)(21)(22)(23) Among the women of this study that were exposed to intimate partner violence, almost half of them reported psychological violence, which is almost the triple of physical violence (18.4%) and ten times higher than sexual violence (4.8%). This higher percentage of psychological violence in detriment of the other types was similar to other studies and indicates that reports of violence have been obtained thanks to the access to information, human rights, establishment of institutions to protect women and awareness of the female population.…”

“…(3)(4)(5)(6)(7) In Brazil, the prevalence ranged between 29% and 37% (8) and the highest frequencies were found in the city of São Paulo (Southeast region of Brazil) ranging from 59.8% to 76.5%. (9,10) It is worth considering that violence against women can be present in different aspects and moments of their lives, with repercussions on their health and their families. In this perspective, it is present even during pregnancy and postpartum, periods of women's lives in which their wellbeing should be specially secured.…”

Diferenças e similaridades entre mulheres que vivem e não vivem com HIV: aportes do estudo GENIH para a atenção à saúde sexual e reprodutiva

“…Various studies have shown greater risk of STIs/HIV among women that suffer physical and/or sexual violence, particularly when perpetrated by the intimate partner 44,45,46,47 . The mechanisms proposed to explain such an association are bidirectional 47,48 .…”