RESUMO: Como parte de amplo estudo epidemiológico sobre condições de saúde na infância, investigou-se a freqüência e duração do alietamento materno em amostra representativa de crianças menores de cinco anos residentes no Município de São Paulo, SP (Brasil) (n = 1.016). Apesar de a grande maioria das crianças iniciar a amamentação (92,8%), menos da metade chega amamentada aos quatro meses de idade, alcançando os 12 e os 24 meses, respectivamente, 18,8% e 10,7% das crianças. A duração mediana da amamentação no Município de São Paulo foi estimada em 109,25 dias. Para o aleitamento materno exclusivo, a duranção mediana estimada foi ainda menor: 62,55 dias. A estratificação da amostra revelou que a duração mediana tanto da amamentação quanto do aleitamento exclusivo alcançou valores superiores nos estratos de maior nível sócio-econômico, contrariando, portanto, a situação usualmente encontrada em países em desenvolvimento. A comparação dos dados obtidos em 1984/85, com dados obtidos em 1973/74 e em 1981, revela a ocorrência em São Paulo de um movimento recente de retorno à prática da amamentação. Tal movimento, ainda não documentado em nenhum outro grande conglomerado urbano do Terceiro Mundo, assemelha-se ao movimento observado na década de 70 em vários países desenvolvidos, inclusive no que se refere à sua maior intensidade nos estratos de maior nível sócio-econômico. Embora os resultados do referido movimento possam ser considerados modestos, pois uma expressiva proporção de crianças ainda é desmamada precocemente, eles mostram que não há razão para se aceitar como inevitável ou como irreversível a tendência de queda da prática da amamentação nas sociedades urbanas do Terceiro Mundo. A consideração da forma de aleitamento da criança em estudos diagnósticos sobre condições de saúde na infância apresenta inúmeras justificativas. Estas justificativas procedem tanto de estudos que demonstram as propriedades espécie-específicas do leite humano 11 quando de estudos que empiricamente comprovam as vantagens da criança aleitada ao seio 20 . No primeiro caso, é digna de nota a demonstração de aspectos físico-químicos, nutricionais e imunológicos do leite humano não passíveis de imitação tecnológica e, no segundo caso, destacam-se os efeitos positivos do aleitamento ao seio sobre o estado nutricional, o crescimento e o desenvolvimento e a morbi-mortalidade das crianças.
UNITERMOS:Ainda que as vantagens do aleitamento ao seio sobre o artificial adquiram maior importância, e mesmo certa dramaticidade em contextos ambientais adversos, dispõe-se hoje de evidências suficientes que afirmam o caráter absoluto e universal da superioridade do aleitamento materno. Excelentes e atualizadas revisões sobre o papel do aleitamento materno na definição das condições infantis de saúde foram recentemente elaboradas por especialistas na matéria e podem ser encontradas em Jelliffe e Jelliffe 11 , Cunningham 6 , Feachem e Koblinski 7 e em publicação recente da Academia Americana de Pediatria 20 (1984).Durante milhões de anos de existência da es...