A Conferência de Durban contra o Racismo e a responsabilidade de todos

Abstract

"Yo soy yo y mi circunstancia y si no la salvo a ella no me salvo yo" Ortega y Gasset IntroduçãoQuando os delegados e observadores à terceira conferência contra o racismo organizada pelas Nações Unidas deixaram o recinto em Durban, ainda atordoados com as dificuldades do evento, não podiam imaginar o que se iria passar pouco tempo depois. Sabiam que somente à custa de acomodações e manobras de procedimento haviam conseguido a adoção "consensual" dos documentos finais. Isso já era, ou deveria ser, razão mais do que suficiente para temperar otimismos. De qualquer forma, para eles os resultados tinham tido, sem dúvida, aspectos positivos.O que os participantes do encontro na África do Sul não podiam prever é que, apenas três dias depois, quando muitos ainda se encontravam em trânsito de retorno, os maiores atentados terroristas da História iriam tornar as dificuldades da Conferência irrisórias e seus documentos finais, como que soterrados nas ruínas do World Trade Center. Jamais poderiam imaginar que, com sua enormidade catastrófica, os golpes de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, além de realçarem a aparente irrelevância de desavenças diplomático-discursivas, iriam propiciar a restauração no mundo de um "estado da natureza" hobbesiano, amedrontador em múltiplos sentidos. Esclareça-se, todavia, desde logo, que, ao contrário do que se poderia supor, não se pretende nesse artigo analisar o terrorismo, nem o combate contra ele. O escopo do texto é outro.É compreensível que os ataques arrasadores, ao deixarem todo o planeta em estado inicialmente catatônico, tenham sufocado possíveis entusiasmos com os Rev. Bras. Polít. Int. 45 (2): 198-223 [2002] * Diplomata, atualmente Embaixador do Brasil em Sófia, Bulgária, e membro do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, em Genebra.

NEABs e a Proposição de Educação para as Relações Étnico-raciais

“…intelectual negra, acadêmica ou não, ganha, potencialmente, maior visibilidade e circulação. A organização política da intelectualidade negra irá se expressar em diferentes espaços, e se configura em importantes ações governamentais e não governamentais de caráter nacional e internacional, eventos, projetos e associações, tais como: o grupo de trabalho Educação e Relações Étnico-Raciais da ANPED -Associação Nacional de Pós-graduação em Educação (GT 21) -, criado em 2001; UNIAFROprograma federal de assistência financeira às instituições de ensino superior federais e estaduais para fomento de ações de formação continuada a professores da educação básica e elaboração de material didático no âmbito do Programa de Ações Afirmativas para a População Negra (2005); Programa Internacional de Bolsas de Pós-graduação da Fundação Ford(2002); ABPN -Associação Brasileira de Pesquisadores Negros; CONNEABS -Consórcio de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros; assim como a ampliação significativa dos NEABs -Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros.As iniciativas apresentadas são centrais para a ampliação, organização e consolidação de uma negritude intelectual acadêmica. Diante da multiplicidade dos grupos e das ações realizadas, para compreendermos a localização dos NEABs e o significado destes núcleos, trataremos brevemente de duas dessas iniciativas que possuem amplitude nacional e, até o momento, permanência temporal, a saber: a ABPN e o CONNEABs.…”

Territories Under Siege: Risks of the Decimation of Indigenous and Quilombolas Peoples in the Context of COVID-19 in South Brazil

“…The perspective of implementing a sole universal national health system, SUS, finally contemplated the indigenous and quilombola populations after centuries of exclusion [30]. The quality of life of these populations has been continuously vulnerable [31,32] due to the inequities caused by race and gender intersections [33][34][35][36]. In Brazil, the quilombola [37] and indigenous populations [38] constantly face health violations, as denounced by scientific researches [39][40][41][42].…”

Ações dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (NEABs) institucionalizados dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs) no período de 2006 a 2017

“…OLIVEIRA 2013, p.10), entre eles, a "Marcha do Zumbi dos Palmares contra o Racismo pela Igualdade e pela Vida" realizada no ano de 1995 em Brasília-DF. Nesse evento, a partir de robusta articulação discutiram-se disparidades 3 Nas décadas mencionadas, cabe citar: a criação dos NEABs da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) (ALVES, 2002;SILVA, 2013;2003;2014 p.19). Durante as discussões realizadas no evento, reconheceram-se as dificuldades que enfrentam os africanos e seus descendentes, bem como foi evidenciada a quantidade expressiva de produções científicas elaboradas com ênfase nas disparidades existentes entre negros e brancos nas várias esferas da sociedade, entre elas no campo educacional (ALVES, 2002, p.216).…”