ResumoDiante das novas diretrizes curriculares para os cursos de graduação da área da saúde, urge reflexão e tomada de consciência sobre os rumos do ensino de Enfermagem. A transição entre: currículos mínimos e currículo por diretrizes; objetivos educacionais e formação por competência; competências no mundo do trabalho e formação profissional; além de formação humana e formação tecnicista são alguns elementos que precisam fazer parte do cotidiano dos enfermeiros em todas as suas áreas de atuação. Importa no momento iniciar uma reflexão sobre estas questões. É o que se coloca como o propósito deste texto. Descritores: formação do enfermeiro; competências; diretrizes curriculares; currículo de enfermagem
IntroduçãoTenho constatado durante a trajetória de docência na Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, que o tema currículo tem ocupado lugar de destaque no âmbito instituciona,l em virtude de processos de reforma, adaptação ou mudança curricular com vistas a atender aos ditames legais ou a demandas internas, surgidas em prática de avaliação curricular, instituída na Escola, desde 1980. Nessas circunstâncias, o debate, geralmente, centra-se no perfil do profissional que se quer formar, muitas vezes, sem uma manifestação explícita sobre as exigências e expectativas do mercado de trabalho, em relação ao profissional que ele necessita.A formação do enfermeiro e sua articulação com o mercado de trabalho, no contexto da realidade brasileira, tem como marco o trabalho realizado, na década de 1950, pela Associação Brasileira de Enfermagem -ABEn, que deu origem ao Relatório final do levantamento de recursos e necessidades de enfermagem no Brasil. Entretanto, os discursos que acontecem no cotidiano escolar e nos serviços de saúde, que absorvem o profissional, enfatizam a dissociação da teoria e da prática, no sentido de uma possível desvinculação da formação teórica da formação prática do enfermeiro. Por outro lado, se o mercado de trabalho está a exigir uma formação profissional que o atenda, a Escola parece não estar preocupada com essa exigência. Na verdade, quem dita as formas de organização curricular de determinado curso? Quais os critérios e os parâmetros utilizados para seleção dos saberes e dos fazeres necessários a uma formação profissional competente e de qualidade? Quem determina a qualidade e a competência profissional? Por que e pra quê, os currículos estão em constantes mudanças? Entende-se que:O currículo é a síntese dos processos que ocorrem no interior da escola, e que sua concepção não se constitui num meio neutro de transmissão de conhecimentos desinteressados, mas num mecanismo essencial de construção de identidades individuais e sociais, atravessadas por relações de poder (1:12) .Além disso, "o currículo não é um elemento transcendente e atemporal -ele tem uma história, vinculada a formas específicas e contigentes de organização da sociedade e da educação" (2:8) . Nesta linha de pensamento, "a história do currículo vem sendo marcada pela luta de interesses, muitas vezes confli...