Em recente publicação estudamos 23 casos de oclusão da artéria caró-tida primitiva e dos seus ramos principais, todos eles unilaterais. Voltamos agora ao assunto por termos observado, recentemente, um caso de oclusão bilateral da carótida interna. Trata-se de ocorrência pouco freqüente, como sc depreende das escassas referências bibliográficas a respeito. Hultquist 4 e Fisher 2 recomendam a exploração sistemática das carótidas em todas as autópsias, desde o arco aórtico até as apóf ises clinóides. Frovig 3 e Takahashi fí observaram 3 casos de oclusão bilateral da artéria carótida primitiva. Tolle 7 , Paillas e col.\ Bossi e Pisani 1 , registraram casos de trombose bilateral da artéria carótida interna. A raridade das oclusões carotídeas bilaterais e particularmente seu diagnóstico e confirmação em vida, justificam, a nosso ver, este registro de caso.OBSERVAÇÃO -P. P. C, 9 anos, branco, masculino, internado em 14-5-1956 (reg. 433321). Segundo informações prestadas pelo pai, 3 meses antes de sua admissão no Hospital o paciente começou a queixar-se de cefaléia, sensação subjetiva de febre e repuxamento da boca para um dos lados. Sua linguagem falada era dificultosa, "errando freqüentemente o nome dos objetos". Concomitantemente, manifestou-se dificuldade na movimentação dos membros do lado direito, principalmente no superior. Decorrido esse período, o paciente começou a melhorar; a sintomatologia foi se atenuando progressivamente, restando, na ocasião em que o doente deu entrada no Hospital, apenas discreta hemiparesia direita. Nos antecedentes pessoais há referências de que o paciente, com a idade de 18 meses, tivera diversas crises fugazes de cianose e djspnéia, as quais cederam espontaneamente.O exame físico geral nada mostrou de particular: ambas as artérias carótidas eram palpáveis, assim como as artérias temporais superficiais.O exame neurológico mostrou, em síntese, desenvolvimento psíqui-co correspondente à idade do paciente e moderado grau de hemiparesia direita total, com predomínio bráquio-facial. Exames complementares de rotina, inclusive o eletrocardiograma, nada mostraram de particular. O exame do liqüido cefalorraquidiano, com níveis tensionais normais, mostrou hiperproteínorraquia, reação de Pandy opalesTrabalho do