Escola Graduada E Arquitetura Escolar No Paraná E Rio Grande Do Sul: A Pluralidade Dos Edifícios Para a Escola Primária No Cenário Brasileiro (1903-1928)

Abstract

RESUMO O presente artigo propõe analisar de modo comparativo a arquitetura de escolas públicas em duas capitais do sul do Brasil nas três primeiras décadas do século XX. Nosso objetivo é problematizar pontos de intersecção entre seus ordenamentos e disposições, levando em consideração a complexidade de seus elementos espaciais e simbólicos que foram adotados naquele período histórico, com destaque para as suas relações com o traçado urbano. O corpus documental utilizado em nossa análise compreende fontes, tais como: relatórios governamentais, fotografias, plantas e projetos arquitetônicos dos edifícios escolares. Destacamos como relevantes a influência internacional, sobretudo, a implementação da escola graduada e a questão higiênica, a localização e visualidade na trama das duas capitais, o grupo social ao qual a escola atenderia e a necessidade da alfabetização de um número maior de crianças. Ainda, enfatizamos o corpus analisado como suporte para a compreensão de uma semiologia do espaço arquitetural escolar republicano nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná.

Arquitetura e educação: arquitetura escolar como elemento dos espaços escolares

“…Neste grupo encontram-se os achados de trabalhos que foram desenvolvidos em perspectiva historiográfica. Ao tomarmos os resultados oriundos somente de pesquisas em perspectiva historiográfica, evidenciam-se interessantes aspectos da arquitetura escolar: os espaços escolares são pontos de condensação de investimentos simbólicos e de interesses 1 Ermel 2018 políticos (Arata, 2019;Correia, 2013); a arquitetura escolar pode ser lida como um empreendimento visual e icônico de propaganda de regimes políticos que incorpora anseios sociais e demandas pedagógicas através de sua dimensão funcional e simbólica (Ermel & Bencostta, 2019a;Bianchini, 2019;Ibarra, 2019;Sá, 2015;Bencostta, 2013Bencostta, , 2001; prédios escolares participam ativamente da planificação da formação, unificação e diferenciação de indivíduos conforme as necessidades sociais de sua época (Helfenberger & Schreiber, 2019;Dórea, 2013;Silva, 2013;Oliveira & Chaves Jr, 2009) e de longa data vêm sendo considerados essenciais para a qualidade da educação e/ou melhoria do ensino (Ermel & Bencostta, 2019b). De tal modo, tem-se defendido que é produtivo e urgente reconhecer a legitimidade de edifícios escolares como patrimônio histórico-cultural de um povo (Viola, 2019;Ermel, 2018).…”