Violência no trabalho em saúde da família: estudo de métodos mistos

Abstract

Resumo Objetivo Verificar a prevalência de violência no trabalho em Unidades de Saúde da Família, caracterizar as vítimas e conhecer as implicações das condições e da organização do trabalho na exposição dos trabalhadores. Métodos Estudo misto, do tipo concomitante. A etapa quantitativa contou com amostra de 106 profissionais de saúde de 17 unidades de saúde de família que responderam questões acerca de dados sociodemográficos e ao Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector. Na etapa qualitativa 18 trabalhadores vítimas de violência foram intencionalmente seíecionados para responder à entrevista semiestruturada. Achados quantitativos foram submetidos a estatísticas descritivas e analíticas, e os dados qualitativos à análise temática. Resultados Cerca de 69,8% dos trabalhadores foram expostos à violência, sendo as principais vítimas os trabalhadores mais jovens e da equipe de enfermagem (p=0,047). A violência também foi associada à pior avaliação sobre os relacionamentos com colegas (p=0,003) e chefias (p=0,008). Os entrevistados atribuíram à recepção da unidade o espaço de maior risco de agressões. A falta de recursos, ausência de médico na unidade e sua localização em zonas de tráfico foram aspectos relacionados à exposição dos profissionais à violência. Conclusão A violência se mostrou prevalente no trabalho em unidades de saúde da família e melhorias na estrutura, recursos humanos e materiais, bem como segurança pública são necessários para controlar e prevenir agressões aos trabalhadores.

Estratégias de enfrentamento, medidas preventivas e de controle da violência laboral em atenção primária à saúde

“…Outra medida preventiva apontada foi a necessidade da melhoria na infraestrutura, incluindo materiais e medicamentos, bem como espaços de atuação, seus tamanhos e suas condições, como iluminação e climatização adequadas. Investir em desenvolvimento humano, controlar o acesso à instituição, bem como possuir número suficiente de profissionais e um protocolo para atuar com pacientes agressivos foi apontado por profissionais como medidas que necessitam de investimentos (Sturbelle, et al 2019). Assim, nem sempre as medidas preventivas podem partir de capacitações aos profissionais, sendo necessários investimentos por parte da gestão de saúde do serviço (Bordignon & Monteiro, 2018).…”

“…O estudo foi realizado em uma gerência distrital no município de Porto Alegre, que gerencia 24 Unidades de Saúde. As unidades que fizeram parte do atual estudo representam uma subamostra de duas unidades que compuseram estudo anterior (Sturbelle, et al 2019) no qual a violência apresentou elevada prevalência, sendo este o critério da seleção do local. Research, Society and Development, v. 9, n. 11, e2279119780, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9780 5 Foram incluídos os profissionais da equipe de saúde que estavam atuando nas unidades na ocasião da coleta de dados.…”

“…Foram realizados encontros de entrevista coletiva com os trabalhadores de duas Unidades de Saúde. Para dar início à entrevista coletiva, com duração de 40 minutos, o pesquisador (moderador) expôs os resultados da pesquisa anterior (Sturbelle, et al 2019), utilizando-os como disparador para discussão que foi orientada por questões semiestruturadas, elaboradas pelos pesquisadores, propiciando diálogo entre os participantes, que foi audiogravado (Polit & Beck, 2011).…”

“…As estratégias de enfrentamento, também denominadas pela psicodinâmica do trabalho como estratégias defensivas, evitam o adoecimento (Dejours, 2015). Apesar de representarem importantes modalidades defensivas criadas pelos trabalhadores, a problemática da violência laboral também exige medidas preventivas e de controle a fim de proteger os trabalhadores (Sturbelle, et al 2019). Estas, por sua vez, são ações/intervenções operacionais e objetivas a nível da organização do trabalho no setor ou da gestão.…”

Workplace violence: legislation, public policies and possibility of advances for health workers

“…Research mentions that the organizational dimensions of health services and the nature of work, which includes the workplace and professional practice, are associated factors to the occurrence of labor violence (4) . The fact that health professionals are exposed to various situations that are among the risk factors for workplace violence -such as direct relationships with distressed and frustrated people, high levels of stress, and the provision of assistance in territories that often hold conflict areas or drug trafficking -highlights the importance of the theme for this professional category (3,6) .…”