Saúde da pessoa com deficiência que vive no campo: o que dizem os trabalhadores da Atenção Básica?

Abstract

Este estudo objetivou analisar as percepções dos trabalhadores da Estratégia Saúde da Família sobre a saúde da pessoa com deficiência que vive no campo. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, com o desenho de cunho etnometodológico. Foi realizada observação participante e debates por meio da roda, com registro em diário de campo, e entrevistas semiestruturadas em uma Unidade Básica de Saúde de Grão Mogol, Minas Gerais. Na análise, combinaram-se os dados coletados para triangulação. Os resultados evidenciam que as políticas desenvolvimentistas e a inserção das políticas públicas estão incidindo sobre a saúde das populações do campo. A deficiência está ancorada no modelo biomédico e a dimensão da caridade se ressalta nas ações em saúde. O desenho da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência deve ser repactuado a fim de enfrentar as barreiras de acesso à saúde.

Health care for people with disabilities in a rural setting under the perspective of community agents

“…A study shows that health professionals who work in a rural context perceive people with disabilities from three pillars: the pathological body, functional disability, and limited social participation. The center of attention is based on the biomedical model with a tendency to the social, and health actions are directed to body changes (13) . This condition was evidenced in the present investigation, when the participants mentioned the need to use devices for the functions and activities of daily living and the need to attend, for example, the APAE, an institution where they are offered, among others, education, psychology and physiotherapy services and in which people with disabilities can develop their social aspects.…”

“…They recognize the need and the importance of intersectoral work, identify the Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF -Family Health Support Center) as a support for their actions, and note that there are also barriers for this service to be provided in a rural context. The lack of transportation to take the NASF team to health services in rural areas is an obstacle to the development of intersectoral actions (13) .…”

“…Regarding this finding, we emphasize that access to health corresponds to the easy transportation of the population from the urban area due to the logistic organization. On the contrary, the rural area often does not have adapted transportation for this population, who need to move from home to the health unit, mainly in the rehabilitation process (13) .…”

“…However, the care directed to them often disregards these aspects and focuses on the biomedical model. That is, health professionals in Primary Health Care (PHC) disregard the sociocultural singularities of users and use this model based on biological characteristics, directly influencing the service's resolvability (13) .…”

Pessoas com deficiência no cenário rural: concepção dos Agentes Comunitários de Saúde

“…5 As dificuldades de acesso dessa população, especificamente em relação aos serviços de saúde são mostradas por estudos internacionais e nacionais. [6][7][8][9][10] Nesta perspectiva, são descritas barreiras geográficas, como a distância até os serviços de saúde, as condições de terrenos e estradas, e as barreiras de transporte, como a ausência de transporte público e transporte privado de alto custo. [7][8]10 Assim como barreiras organizacionais, a exemplo da falta de recursos e demora no atendimento das pessoas com deficiência; barreiras relacionadas ao comportamento dos profissionais, como o estigma 7,9-10 e dificuldades de comunicação.…”