Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: conceitos, processos e formas

Abstract

Resumo O artigo busca construir perspectivas analíticas sobre uberização e plataformização do trabalho no Brasil desde a periferia, em busca de enfrentar persistentes obscurecimentos em torno do processo de informalização. A tese que nos orienta é de que elementos que estruturam a periferia parecem se generalizar e tecer as tendências contemporâneas da exploração capitalista do trabalho. Entendemos a uberização como um novo tipo de gestão e controle da força de trabalho com a consolidação do trabalho sob demanda, e a plataformização como dependência de plataformas digitais para executar atividades de trabalho. A primeira parte critica a importação de categorias de análise e analisa a dificuldade de estabilização conceitual quando a informalidade é regra. A segunda analisa os modos de vida periféricos para compreender um novo tipo de subordinação racionalizada, o autogerenciamento subordinado. Por fim, a última parte do artigo visa a qualificar como antigas formas de organização da produção são repostas e reconfiguradas, juntando-se à constituição de novas práticas produtivas que, em conjunto, radicalizam as bases estruturais da exploração e da dominação das classes trabalhadoras pelas classes capitalistas.

Financial intermediation and innovation: linking international agents and local investors

“…If Charles Schwab adopted variable brokerage rates, as opposed to the fixed-rate brokerage model that prevailed in the United States, XP Investimentos was opposed to the investment model practiced by large Brazilian commercial banks, which, at the time, offered expensive products ( high administration fees), of low quality for the customer (low profitability) and with few options, as only products from their own "brands" were offered, that is, products launched by the banks themselves. XP Investimentos, anchored in the digital platform economy, benefited from the regulation of AIAs and became the largest brokerage operating with retail investments, becoming a kind of "Uber" of finance Abílio et al (2021), signing contracts, with most AIAs registered with the CVM, in which AIA professionals are responsible for their own social reproduction and self-management as partners in an AIA company.…”

Os trabalhadores em meio à Covid-19 no Brasil: flexibilidade, precariedade, e a mobilização internacional

“…As considerações até aqui apresentadas sugerem que há uma afinidade entre a flexibilização da relação contratual e as formas de controle do trabalho que emergem nas plataformas digitais (Abílio, 2017). Em relação ao objeto mais imediato da pesquisa, será utilizada a designação: trabalho sob demanda por meio de aplicativos (TSDA), 3 expressão que descreve bem a situação dos entregadores. Convém reconhecer, no entanto, que as transformações em curso vão além das plataformas digitais, de modo que as definições utilizadas devem se integrar a um quadro de análise mais geral, como propuseram Abílio, Amorim e Grohmann (2021, p. 28), que associaram o trabalho sob demanda à uberização, fenômeno amplo caracterizado pela "consolidação e gerenciamento de multidões de trabalhadores como trabalhadores just-in-time".…”

Corpos descartáveis: neosoberania e exclusão na era digital

“…A fragilização dos valores, das normas de honestidade, da sinceridade produz relações de sociabilidade e atividades hostis, desconfiadas e descrentes das posturas do outro (Caillé et al, 2014). Fora isso, o capitalismo articula novas formas de exploração do trabalho com a uberização e a perda de direitos sociais, extraindo até mesmo do sono seu lucro concentrador (Cunha, 2021;Abílio et al, 2021). Para Jonathan Crary (2016), o sono de oito horas atualmente é um empecilho para a exploração neoliberal que busca colonizar e extorquir valor dessas horas "improdutivas" dos corpos e organismos.…”