Impacto da pandemia do COVID-19 na vacinação de crianças de até um ano de idade: um estudo ecológico

Abstract

Resumo O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 nos valores de vacinação para as imunizações voltadas a indivíduos com menos de um ano de vida no Brasil. Analisou-se os valores de cobertura vacinal, em território nacional, de dez vacinas presentes no calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) durante os últimos oito anos (2013-2020). Esse é um estudo ecológico e todos os dados foram extraídos do PNI. Comparativamente aos anos prévios, em 2020 registrou-se o menor valor de cobertura vacinal da média do conjunto das vacinas estudadas, 75,07%, enquanto em 2019 esse mesmo índice ficou em 84,44%, resultando em uma queda de 11,10% entre esses dois períodos. Além disso, no ano da pandemia, das dez vacinas analisadas, nove registraram o seu menor valor histórico de cobertura, todas estando a no mínimo 14 pontos percentuais abaixo da meta do Ministério da Saúde. Embora já houvesse uma tendência de queda na cobertura vacinal, por diversos motivos, o presente estudo demonstra que os valores registrados em 2020 foram significativamente menores, fenômeno também registrado em outros países. Portanto, mesmo não conseguindo afirmar que a pandemia de COVID-19 e as medidas de distanciamento sejam as causas da queda dos valores de imunização, podemos inferir que há uma associação.

Manutenção de indicadores de imunização em tempos de pandemia: reflexões de acadêmicos de enfermagem

“…Outrossim, segundo Procianoy et al (2022) a pandemia da COVID-19 foi uma causa desafiadora a mais para aplicação do Calendário Nacional de Vacinação infantil no ano de 2020, tendo consequência, também, a queda da cobertura vacinal em todo o território nacional.…”

A evolução das coberturas vacinais brasileiras e os impactos provocados pela pandemia de Covid-19 nas metas de imunização

“…Todavia, observou-se declínio importante das coberturas em 2019 e 2020, quando as taxas se mantiveram baixas para todas as regiões brasileiras, sem que nenhum imunobiológico tenha ultrapassado 90% da cobertura vacinal. Estes resultados acordam com um estudo ecológico realizado no Brasil, que também identificou que as taxas de cobertura vacinal já vinham diminuindo, mas foram mais afetadas durante a pandemia, já que a redução da cobertura em 2020 foi expressivamente maior do que nos anos anteriores, quando as variações eram de cerca de seis pontos percentuais, e de 2019 para 2020 foram de impressionantes 11,10% em média (Procianoy et al, 2021).…”

“…Ressalta-se, portanto, que paralelo à pandemia de COVID-19, haveria uma "pandemia de medo" (Ornell, et al, 2020), que criou uma sensação de insegurança nos responsáveis acerca da segurança em expor as crianças ao risco de infecção para completar o calendário vacinal (Procianoy et al, 2021). Em contrapartida, embora os riscos de infecção por COVID-19 sejam irrefutáveis, um estudo africano publicado no The Lancet infere que, nessas condições de exposição, existem mais benefícios na vacinação do que riscos (Abbas et al, 2020).…”

O impacto da pandemia de COVID-19 na vacinação infantil de rotina: números brasileiros para menores de 1 ano

“…Desde a sua descoberta, a vacinação possibilitou que se salvassem muitos milhões de vidas e se evitassem várias doenças infecciosas, bem como seus efeitos deletérios. As vacinas reduziram a morbimortalidade geral por doenças infecciosas de modo significativo, através da imunização contra doenças epidemiologicamente importantes, como varíola, sarampo, rubéola, caxumba, hepatites e tantas outras (PROCIANOY et al, 2022). O reconhecimento prévio de um patógeno ou de um fragmento de patógeno pelo sistema imune permite que ele esteja "preparado", evitando que a resposta inflamatória, diante de uma infecção, seja intensa o suficiente para causar danos importantes ao organismo.…”

“…Nesse contexto, a pandemia do novo-Coronavírus, que perdurou do início de 2020 até o ano de 2022, evidencia justamente a importância da vacinação e a necessidade de incentivar a população a se vacinar, mediante políticas vacinais adequadas (PROCIANOY et al, 2022). Nas últimas décadas, viu-se um aumento significativo na procura das famílias pela imunização adequada, segundo os calendários vacinais recomendados pelas autoridades de saúde.…”