População em situação de rua: estigmas, preconceitos e estratégias de cuidado em saúde

Abstract

Resumo Representações sociais históricas sobre estigma e preconceito relacionado à População em Situação de Rua (PSR) provocam sofrimento psíquico, sentimento de vergonha, afastamento das relações familiares e sociais. Esse artigo objetivou entender como a PSR e os profissionais de saúde percebem, reproduzem, elaboram e lidam as representações produzidas por suas condições sociais. Pesquisa qualitativa, que envolve Observação Participante; Entrevistas com 24 PSR e Grupo Focal com profissionais dos serviços que prestam cuidado à PSR. O estudo foi realizado no município do Rio de Janeiro em local onde o uso do crack tem prevalência importante. Análise foi realizada pelo método da narrativa fenomenológica. O estereótipo provoca uma autoimagem de pessoa indigna, indesejada, que justifica discriminações cotidianas e, sobretudo, a perda da condição mais importante de todos os seres: sua condição humana, além de legitimar desassistência e violência contra elas. Aprofundar as relações entre preconceitos e discriminações em contexto de população vulnerável e serviços de saúde, pode auxiliar projetos terapêuticos que promovam diminuição do sofrimento psíquico, melhor assistência e reconhecimento social de cidadania da PSR.

Terapia Ocupacional e o olhar para a população em situação de rua: delineamentos sobre a atuação no consultório na rua

“…A intersetorialidade é compreendida aqui pela troca e integração de diferentes olhares, saberes e práticas, que juntos favorecem caminhos para ações baseadas no cuidado integral, humanizado, singularizado, empático, sensível às demandas reais, promovendo a ampliação da qualidade de vida da pessoa ou grupo como centro do cuidado. Nesta perspectiva de atuação, as ações no serviço se movem de modo a promover acesso à direitos, justiça, cultura, num caminhar também político de promoção à saúde e em defesa da cidadania (Brito & Silva, 2022;Pereira & Ferreira, 2022;Pinho et al, 2019;Santos & Ceccim, 2018).…”

“…O CnaR norteia suas ações de cuidado a partir da estratégia de Redução de danos (RD), visando a minimização dos riscos e agravos à saúde a partir de ações e estratégias singulares, estruturadas a partir da realidade sociocultural de vida da pessoa (Timoteo et al, 2020). Neste sentido, os CnaR mobilizam sua atuação por meio da troca, da escuta, dos afetos e das potências de um cuidado coparticipativo e empático, potencializado pelo acolhimento enquanto prática de interculturalidade na saúde, em um espaço de acolhimento e aprendizagem mútua, transcendente ao caráter normativo assistencial, médico-centrado, e partindo por uma perspectiva descolonizada de promoção do cuidado emancipador (Pereira & Ferreira, 2022;Brito & Silva, 2022;Santos & Ceccim, 2018;Hallais & Barros, 2015;Jardim & Lopes, 2013;Ministério Da Saúde, 2010).…”

Vivências de violência no quotidiano de mulheres consumidoras de drogas

“…Drug use and violence are even more problematic when women are homeless due to the intense discrimination and social prejudice associated with women who use drugs and live on the streets. Discrimination has a major impact, leading, for example, to suffering, low self-esteem, rupture of family ties, loss of rights and citizenship, social exclusion, and lack of assistance among women (Brito & Silva, 2022). The damage caused by the physical and psychological violence against these women is irreversible and sometimes even irreparable (Dias et al, 2021).…”

Pessoa Vivendo Em Situação De Rua Sob Uma Ótica Da Invisibilidade: Revisão Integrativa

“…Sob o ponto de vista da saúde, é alta a prevalência de doenças como Tuberculose, HIV/AIDS, dermatites, comorbidades psiquiátricas e uso abusivo de drogas. O alcoolismo e outras drogas geralmente estão relacionados tanto com a manutenção das pessoas na rua, quanto com a exposição delas à violência (BRITO, C. & SILVA, L. N;2022).…”

“…Nos espaços urbanos, a pessoa em situação de rua é frequentemente impedida de entrar em locais como transporte coletivo, serviços de saúde, outros órgãos públicos. Também é recorrente a tendência de responsabilizá-la por seus próprios problemas, sem levar em conta os contextos que os produziram (BRITO, C. & SILVA, L. N;2022).…”