Proteção social em tempos de Covid-19

Abstract

RESUMO A pandemia da Covid-19 é uma grave emergência de saúde capaz de gerar sérios problemas sociais. Por esse motivo, o artigo procura conhecer a proteção social disponível à população brasileira para enfrentar esses problemas. Para isso, reconstrói e analisa as condições de vida da população brasileira em conexão com as políticas públicas em dois períodos: na pré-pandemia e na pandemia. Constataram-se alterações regressivas nas condições de vida que indicam a redução da proteção social e o rebaixamento do bem-estar social para a maioria da população. Conclui-se que a proteção social dos brasileiros tem graves debilidades e dificuldades para o enfrentamento da pandemia; e as tendências apuradas sinalizam que se podem esperar enormes sacrifícios e elevadas perdas de vidas humanas nos tempos da pandemia da Covid-19.

Desempenho das operadoras de planos de saúde: antes e durante a pandemia

“…Em continuidade ao exposto, a Tabela 1 apresenta os indicadores mínimos para monitoramento sugeridos pela ANS, conforme anexo III da Resolução Normativa n. 443 de 2019, com objetivo de assegurar a estabilidade financeira, continuidade dos seus serviços e também uma mudança de cultura. A contextualização desses indicadores de desempenho com a conjuntura socioeconômica afetada pela pandemia torna-se necessária, pois o ambiente externo influencia as OPS, não somente pelo incremento de demanda decorrente da Covid-19, mas também pela crise socioeconômica instalada, tendo havido, inclusive, forte retração do nível de produção, conforme medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), o que se deu em decorrência das medidas de isolamento social cuja finalidade era a de reduzir a propagação de contágio (Castro, 2020;Shehzad, Xiaoxing, Bilgili, & Koçak, 2021;Silber, 2020). Em concomitância, ocorreu aumento da taxa de desocupação, que retrata a proporção de pessoas da força de trabalho que estão desempregadas, e fechamento de empresas (IBGE, 2021;Silber, 2020).…”

“…Em 2021, com o aumento de forma acelerada do contágio e número de óbitos por Covid-19, o sistema de saúde brasileiro entrou em colapso (Castro, 2020;Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2021;Rocha Filho et al, 2021). A Tabela 2 mostra a evolução trimestral do número de óbitos, com crescimento de 117.255,26%, do primeiro trimestre de 2020 ao segundo trimestre de 2021.…”

“…No período de pandemia ocorreu redução histórica da taxa Selic como medida de estímulo à produção e consumo. No período de pandemia a taxa de juros Selic sofreu forte redução, implicando em menor custo com captação de recursos de terceiros e menor rentabilidade com aplicações financeiras (Bacen, 2021;Castro, 2020;CONASS, 2021;Rocha Filho et al, 2021).…”

Sindemia: Novos Sentidos para uma Conhecida Realidade. As Desigualdades Socioespaciais num Contexto de Pandemia por Covid-19 no Brasil

“…A população com renda abaixo da linha da pobreza havia variado de 4,5% em 2014, para 6,3% em 2019, o que significava que 4,3 milhões de brasileiros voltaram a viver na pobreza que, no total, atingiu 13,3 milhões de pessoas. Parte dessa população havia se convertido em morador de rua, que de 105,3 mil em 2014, havia atingido 202,6 mil pessoas em 2019 (CASTRO, 2020). Somados a isso se via um baixo investimento em infraestrutura urbana, ao redor de menos de 2% do PIB, uma média inferior à de países em condições de desenvolvimento semelhantes às do Brasil (BANCO MUNDIAL, 2018).…”

Indicadores urbanos de saúde relacionados aos impactos da pandemia do COVID-19: um estudo da cidade de Erechim/RS

“…A exemplo desta perspectiva, o surgimento da variante do COVID -19 em 2019, onde os primeiros casos da doença começaram a aparecer na China e em seguida se alastrando para outros países. Enquanto uma emergência de saúde é capaz de gerar problemas e fragilidade política, econômica e social, no social, os problemas vão além das urgências, envolvendo os demais elementos das condições de vida da população (CASTRO, 2021). Com a realidade atípica do novo coronavírus, os problemas sociais, como a fome, falta de saneamento e amparo às famílias necessitadas ficaram mais evidentes.…”