Tornar-se Pai: A Paternidade como Inscrição Subjetiva da Finitude

Abstract

Resumo Este estudo investigou a experiência subjetiva da paternidade em dois momentos do desenvolvimento, no sexto mês e ao final do segundo ano de vida da criança. Participaram do estudo três pais primíparos, com idade de 30 a 45 anos e escolaridade de ensino superior. Utilizou-se um delineamento de estudo de caso coletivo, de caráter longitudinal, em que os pais responderam a entrevistas nos dois momentos propostos. As entrevistas foram analisadas com base na teoria psicanalítica. Os resultados corroboraram a expectativa de que tornar-se pai estaria associado à inscrição subjetiva da finitude. Esse processo indica um movimento intrínseco à paternidade, exigindo renúncias e lutos dos pais, movimento que permitiu o bebê ser tomado como objeto de desejo paterno.

A (nova) relação pai-filhos: uma revisão integrativa da literatura nacional entre 2000 e 2019

“…Sendo que, consideravam que o período de licençapaternidade não cobria a necessidade de estar próximo na esposa e do filho (Oliveira & Brito, 2009). Nesse sentido, o tornar-se pai esteve associado a um reposicionamento de atividades, reorganização dos horários dedicados aos interesses pessoais e mudanças na relação conjugal a fim de dar conta das demandas do bebê (Cherer, Ferrari, & Piccinini, 2018). Também, observou-se que o pai contemporâneo tem ao seu dispor um modelo de paternidade em construção, balizado pelo afeto, ao mesmo tempo em que se apropria de referenciais patriarcais ainda presentes dentro do paradigma de família (Santos & Antúnez, 2017) Fatores que influenciam a relação pai-criança Oito artigos compõem a presente categoria, que trata de variáveis que interferem na relação entre pai e filhos.…”

Um estudo qualitativo sobre o pré-natal e o puerpério na perspectiva do pai

“…Freud (1914Freud ( /2004) considerou que o amor parental pelo filho possibilita que seja atribuída à criança toda sorte de perfeição, bem como sejam ocultados todos os seus defeitos, por conta do ressurgimento do narcisismo. No entanto as exigências da realidade impõem ao indivíduo o abandono desse narcisismo primário, sendo por meio do filho que o narcisismo parentalabdicado há tempos -pode ressurgir (CHERER et al, 2018).…”

“…Além disso, tal fato reforça a construção histórica de que homens e mulheres ocupam posições diferentes na família e na parentalidade, não somente no que tange ao status de trabalho e proventos financeiros, já discutidos anteriormente, mas também e essencialmente na construção vincular, a partir do que se passa psiquicamente no interior dos pais, podendo também serem considerados como sujeitos desejantes. Cherer et al (2018) ressaltam que, tradicionalmente, poucas investigações dedicaramse à problemática do tornar-se pai, existindo uma carência de estudos a respeito dessa temática, especialmente no que se refere aos aspectos subjetivos da paternidade. Isso também acontece no contexto brasileiro, embora a experiência subjetiva da paternidade tenha sido pesquisada em algumas situações e etapas do desenvolvimento dos filhos.…”

“…Diversos estudos afirmam a necessidade de abrir espaço ao pai para que este participe do ciclo gravídico puerperal (CHERER et al, 2018;DRAGO & MENANDRO, 2014;RODRIGUES, 2019), no entanto, é frequente que sua presença seja associada somente à função de apoio à gestante e/ou puérpera, o que certamente é importante e tem suas infinitas contribuições à mulher. Os relatos acima, porém, mostram o sentimento de invisibilidade frequente ao homem que deseja a paternidade e está ali, presente e disponível.…”

“…Tornar-se pai ou mãe, segundo Cherer, Ferrari e Piccinini. (2018), concerne a uma vivência que não se restringe ao fato de ter um filho, mas também implica em experiências e transformações que abrangem diversos aspectos da vida.…”