Repolitizar O Social E Tomar De Volta a Liberdade

Abstract

RESUMO: Busco entender as articulações que tornam possível que um conjunto de demandas localizadas, trazidas à cena pelo Escola sem Partido, um grupo sem óbvia representatividade na sociedade, ganhe espaço na recente política educacional no Brasil. Em um primeiro momento, são mapeadas articulações entre o movimento, grupos religiosos conservadores e a Rede Atlas, mobilizando a teoria do discurso de Laclau e Mouffe e a noção de redes globais utilizada por Ball. Defendo que tal articulação vem contribuindo para a hegemonização das posições do ESP. Em um segundo momento, em diálogo com a leitura do neoliberalismo como economização da vida, de Brown, levanto hipóteses para entender a relevância das demandas conservadoras para a normatividade neoliberal. Com Laclau, argumento que há uma luta pela representação do povo, que põe em oposição as políticas populistas dos governos do PT e a rede constituída pela articulação entre a Rede Atlas e o Escola sem Partido.

A Rede de Difusão do Movimento Escola Sem Partido no Facebook e Instagram: conservadorismo e reacionarismo na conjuntura brasileira

“…In conclusion, we understand that the ESP, with its complex network of articulation, both in terms of political power, civil society organizations and the dissemination of values through social medias, demands an opposition at the height of the challenge it imposes on education and the threat it represents to Brazil's democracy (Penna 2016;Guilherme and Picoli, 2018;Macedo, 2018). Presently, the correlations of forces in the Brazilian political conjuncture does not allow one to presume a balanced debate and political dispute, considering the new phase of neoliberal attacks on welfare and its alliance with the far-right, both in Brazil and elsewhere.…”

To Freire or not to Freire: Educational freedom and the populist right‐wing ‘Escola sem Partido’ movement in Brazil

“…Their proposals would abolish any academic freedom for teachers inside classrooms (Ramos, 2016; Penna, 2018b). Furthermore, the ESP civil branch (branded ‘ESP movement’) has been using its strong online presence to promote witch‐hunts against ‘left‐wing’ educators; also protesting at school gates to physically intimidate teachers who, according to the ESP, deliver political ideology to their students (Macedo, 2018).…”

“…Teachers, teachers’ unions, parents, students, politicians and academics across Brazil have been resisting ESP moves and methods (Guilherme & Picoli, 2018; Macedo, 2018). From online platforms such as ‘Teachers against the ESP’ or ‘Parents for Democracy’ to parliamentary battles and street protests, Brazilian educational communities have tried to fight against the ESP ideology of ‘politically neutral’ schooling.…”

Escola Sem Partido Na Agenda Educacional Do Governo Bolsonaro

“…Sua narrativa é que tal episódio foi comprovação da tomada do sistema escolar brasileiro por forças marxistas, como parte de um grande projeto de controle da sociedade (PENNA; SALLES, 2017). Baseando-se no movimento estadunidense NoIndoctrination.org, que visava denunciar casos de doutrinação ocorridos no ensino superior, Nagib criou, em 2004, um site nomeado como "Escola semPartido" e passou a receber e a divulgar denúncias de mesma natureza(MACEDO, 2018;PAULINO, 2018).O site se consolidou e dele nasceu o movimento ESP, que veio a ganhar ressonância nacional apenas uma década após a criação do site. Antes de meados da década 2010, quando o movimento alçou reconhecimento, Nagib buscou criar alianças, difundir seus discursos sobre o problema da doutrinação nas escolas e propor novas e cada vez mais "refinadas" soluções para tal, de acordo com o clima que emergia na nação.Entre os anos de 2009 e 2013, o criador do ESP foi articulista e membro mantenedor do Instituto Millenium, importante think tank nacional focado na difusão das ideias de livre mercado e limitação do Estado.…”