Apresenta-se aqui um ensaio teórico a partir de uma breve revisão narrativa da literatura mais atualizada sobre o tema da intolerância, cujos autores têm se preocupado com a questão do estrangeiro no campo da filosofia da migração. O objetivo é apresentar uma leitura analítica sobre a questão do estrangeiro e da estrangeiridade considerando a xenofobia e a glotofobia como dois problemas de intolerância à alteridade e à diferença, seja evidenciada pelo componente étnico-racial que marca o racismo, seja pela sua inscrição na língua enquanto sujeito estrangeiro. A perspectiva epistemológica adotada é a da análise do discurso que toma os estudos foucaultianos como orientação teórico-metodológica. São apresentados alguns conceitos como estrangeiridade, xenofobia e glotofobia, adotando o verbete estrangeiro como objeto de análise discursiva a partir do Dicionário Houaiss de língua portuguesa (2001). Ao analisar um caso de glotofobia contra falantes brasileiros e africanos lusófonos em Portugal, observa-se que a intolerância a uma dada variedade linguística na perspectiva da estrangeiridade está relacionada a outras questões discursivas como discriminação pela origem, procedência, grupo étnico-racial, expressão cultural e linguística que opõem em formações discursivas antagônicas o hostil e o hostilizado