Este artigo toma como objeto de estudo a marginalidade. O fio que conduz a análise é a abordagem que o artista brasileiro Hélio Oiticica dá ao universo daqueles sujeitos que estiveram à margem do sistema político-social, na década de 1960, no Brasil. A partir de uma revisão das obras visuais e textuais de Oiticica, pelas quais ele pôde apresentar sua experiência e vivência com esses sujeitos, procuraremos demonstrar como as questões estética e ética da marginalidade também aparecem em três de seus poemas inéditos, escritos em 1968. Ao ler, escrever e transcrever o mundo, os poemas pensam e interrogam o que nele está posto – problemas, existências, relações –, o que possibilita o engendramento de uma resistência àquilo que pode atacar a nossa integridade moral. Procuraremos, assim, caracterizar a forma específica pela qual essa questão é tratada nesse tipo de produção. A ideia de um po-ética (SISCAR, 2010) ilumina justamente o material que estamos lidando: a linguagem. Fica claro, portanto, que a leitura dos poemas de Oiticica confirma o conhecimento de seu pensamento estético e ético, entendido inclusive em sua historicidade.