This paper discusses the biographies of two nineteenth-century African whalers who lived on the island of Itaparica. Based on unpublished sources, the paper narrates the arrival of these two individuals to the largest island of the Brazilian Todos os Santos Bay, the period of captivity, the conquest of freedom and their lives as freemen. As whaling entrepreneurs, these two Nago Africans became prominent figures in Itaparica, being responsible for the release of other captives and for improving the living conditions of those who lived within their circle of friendship and business. Keywords: whaling; Africanness; freedom; religiosity.Artigo recebido em 6 de junho de 2014 e aprovado para publicação em 27 de agosto. * 1 E agora, como fênix, eles saem dos empoeirados e deteriorados documentos arquivados, e às vezes quase perdidos, para novamente ganhar vida e mostrar um lado pouco obscuro da escravidão de africanos em terras brasileiras.Por tudo o que esses dois africanos fizeram, viraram referência e, provavelmente, deixaram pessoas do seu tempo impressionadas com os seus feitos, a exemplo do africano liberto Francisco de Brito, um matador de baleias que, em 1871, quase morreu ao ser surpreendido por um cetáceo, o qual arremessou a sua baleeira longe, despedaçando-a, depois de ser arpoada por um de seus marinheiros.
2Ao longo de suas vidas, eles testemunharam quase tudo o que ocorrera nas últimas décadas da escravidão na ilha. Assistiram a alguns de seus camaradas comprarem a liberdade, com razoável grau de certeza souberam da existência de quilombos enfronhados nos manguezais de Itaparica, observaram tentativas de levantes escravos em apoio ao malês da capital, acompanharam a decadência de antigos senhores que, por séculos, ostentaram riqueza oriunda da rentável caça, desmancho e beneficiamento dos derivados de baleia mortas em águas da baía de Todos os Santos.3 Embora lamentassem em seus testamentos o fato de não terem conhecido os seus pais e, por isso, não os registrarem em seus documentos finais,