O presente artigo aborda a trajetória histórica da comunidade quilombola de Galeão durante o período pós-abolição, quando a política hegemônica do Estado brasileiro procurou invisibilizar e absorver essa população, cada vez mais presente e numerosa, que ameaça a imagem branca e católica da sociedade. As novas estratégias usadas pelos quilombolas para ampliar seus espaços de sociabilização e sua visibilidade cultural não são contadas nos livros e não existem relatos escritos. Nesse sentido, a arqueologia e a história oral assumem uma posição de destaque. Para tanto, a arqueologia desenvolvida na comunidade quilombola de Galeão, no litoral baiano, parte da perspectiva da arqueologia da paisagem para entender as fontes de captação e uso d’água enquanto sítios arqueológicos carregados de traços simbólicos das atividades e espacialidades da população africana e afrodescendente. Enquanto tal, apresentam-se como marcos paisagísticos para contar o processo de formação da atual comunidade quilombola de Galeão.