Exagerando uma certa tensão existente entre Sócrates e Platão em Diálogos como Apologia de Sócrates, Górgias e A República, este artigo busca pensar uma oposição mais profunda entre duas políticas da educação da infância em nome da filosofia: como conhecimento verdadeiro do bom e do belo (Platão), a filosofia aspira à conversão da infância; como forma de vida questionadora (Sócrates), ela abre um espaço de interrogação para escutar a infância. No artigo, mostramos como o programa Filosofia para Crianças, de Matthew Lipman, parece situar-se do lado de Platão, destacando os impactos de tal postura em relação à força criadora da infância.

Inspired by the philosophies of Donna Haraway and Karen Barad, the aim of this paper is to stir up trouble and to trouble school time. What we intend to disturb puts our own self as human at stake through a philosophical investigation in how a particular relationship to and experience of time is nowadays prominently fostered and cultivated in educational institutions. We propose that 'time' and 'childhood' are intrinsically entangled concepts and logically connected, in the lived experience of educational contemporary institutions, with colonialism and capitalism. Decolonisation requires a troubling of the experience of time as it involves the subordination and denigration of children and childhood ('mysopedy'). We do this through a genealogy (a political reading of 'the' present) of the concepts time, childhood and school.

This paper aims to argue how education might be considered and practised if not under the logic of the formation of childhood. As such, it puts into question the traditional way of considering children as representing adults' opportunity to impose their own ideals, and considering education to be an appropriate instrument for such an end. More specifically, it considers how the purposes of practising philosophy with children might be affirmed as other than in the service of the social and political education of childhood. This complex issue calls for a redefinition, not only of philosophy and education, but also of childhood itself. Several ancient (Heraclitus) and contemporary (Deleuze, Lyotard) philosophical contributions are offered in order to reflect on new concepts and vocabularies for childhood. What they have in common is a non-chronological concept of childhood-one that considers the child under the sign of aión rather than chrónos, and therefore as something inherently constitutive of human life, which therefore could never be abandoned, forgotten or overcome. As an example of this deterritorialisation of the relation between childhood and education, a practical project undertaken in a couple of public schools in the environs of Rio de Janeiro and its environs is presented, in which a strong emphasis is placed on the concept of the 'experience of philosophical thinking'. The paper unpacks each of these three terms-experience, philosophy, and thinking-appealing to Foucault, Deleuze and Hadot for conceptual reconstruction. In addition, some basic pedagogical assumptions that informed this project are presented in the context of two philosophers who inspired it-Socrates and Jacques Rancie`re. The last section of the paper reflects on how the practice of mainstream schooling seems actually hostile to the experience of philosophical thinking, thus challenging the practitioners to encounter the pedagogical space of the mainstream as if it were possible to establish a new educational relationship to childhood there, and to work fully expecting what cannot be predicted.

Este trabalho estuda, desde uma perspectiva filosófica, o conceito de infância em Platão, com ênfase nos seguintes diálogos: Alcibíades I, Górgias, A República e As Leis. Num primeiro momento, situamos a questão da infância no marco mais ampliado do projeto filosófico e político de Platão. A seguir, propomos quatro traços principais do conceito de infância em Platão: a) como possibilidade (as crianças podem ser qualquer coisa no futuro); b) como inferioridade (as crianças - como as mulheres, estrangeiros e escravos - são inferiores em relação ao homem adulto cidadão); c) como superfluidade (a infância não é necessária à pólis); d) como material da política (a utopia se constrói a partir da educação das crianças). Não há a pretensão de levar Platão a algum tribunal. Busca-se apenas delimitar um problema e uma forma específica de enfrentá-lo, com vistas a contribuir para a análise da produtividade dessa perspectiva na história da filosofia da infância e da educação ocidental, bem como nas atuais teorias e práticas educacionais. Ao mesmo tempo, de forma implícita, procura-se oferecer elementos para problematizar uma visão já consolidada entre os historiadores da infância - particularmente desde o já clássico História social da infância e da família de Philippe Ariès -, segundo a qual a infância seria uma invenção moderna e ela não teria sido "pensada" pelos antigos enquanto tal.

RESUMO:O presente texto é resultado de uma pesquisa desenvolvida no Brasil em 2003, por solicitação da UNESCO, visando a mapear as condições do ensino de filosofia no país em seus diversos níveis, com especial ênfase na educação média. Não se constitui, portanto, num esforço analítico, mas oferece uma descrição, a mais detalhada possível, das distintas condições do ensino de filosofia nas diversas regiões brasileiras naquele momento. Palavras

No abstract

Situated in the context of children’s rights, this article reports on a study involving children from 11 countries and 5 continents in philosophical discussions about concepts of child and childhood. Here we focus on seven of those countries. In a previous study, two of the authors explored in what kind of society children would like to live. The present study directly addresses one of the issues arising from that study: to investigate what children think childhood is and their place in society. The study raises issues around children’s participation related to their conceptions of child and childhood.

Resumo: O presente texto está inspirado em uma live apresentada junto à Maura Corcini, organizada pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Ele tem quatro seções. A primeira, "A necrologia, a pandemia, o Brasil", descreve a forma em que o governo bolsonarista desenvolve uma necropolítica, inclusive a partir da trágica pandemia do COVID-19 que, atualmente, se expande pelo Brasil e pelo mundo. A segunda, "A educação, entre a necropolítica e a pandemia", anuncia duas dimensões dessa mesma pandemia e o que ela nos permite perceber em relação à escola, como instituição e como forma. A terceira, "A pandemia e os tempos da escola", apresenta a especificidade de três tempos presentes na educação: khrónos, kairós e aión. Finalmente, a ultima seção, "O tempo da infância: Isabel(a) e o tempo imprevisível da leitura e da escrita", retoma uma inspiração infantil e alguns sentidos que dela emanam para lembrar do valor e do sentido da infância na educação. Palavras-chave: Tempo. Escola. Necropolítica.