Dentre os poucos temas da música popular que despertaram um interesse significativo da bibliografia acadêmica encontra-se a malandragem, tema que foi abordado por diversos trabalhos a partir de uma série de pontos comuns, resumidos a seguir 1 . Sua história começaria na década de 1880, quando um imenso contingente de ex-escravos obteve sua liberdade. Traumatizados por anos de trabalho compulsório, tais indivíduos teriam, ao se verem livres, abdicado do trabalho regular, identificado à escravidão. Passando a viver entre os contingentes marginalizados de cidades como o Rio de Janeiro, esses indivíduos encontrariam seu meio de expressão no samba, ritmo de origem popular, nascendo nesse momento o samba malandro. Este estilo musical seria então perseguido na Era Vargas, devido a seu caráter potencialmente desestabilizador da ideologia trabalhista que então se buscava implantar. Para se contrapor ao samba malandro, a má-quina ideológica do governo varguista teria produzido o samba exaltação, sempre apontando as grandezas do país e as vantagens de se trabalhar honestamente. Assim, através da censura e do aliciamento, a malandragem seria afastada do meio musical nos anos do Estado Novo.É interessante sublinhar o fato de que tal tese, que busca explicar a presença da malandragem no samba, é na realidade um produto multidisciplinar, com trabalhos oriundos de vários campos desenvolvendo concepções semelhantes a respeito do assunto, ainda que com variações 2 . Cabe notar ainda que a aceitação dessa tese foi intensa, sendo freqüentemente citada em textos que tratam de música popular nos anos 1930 e mesmo
A década de 1920 foi marcada por ansiedades masculinas: homens de elite e classe média pareciam extremamente preocupados com a "invasão" do espaço público por mulheres. Este artigo estuda a resposta dada por estes homens ao fenômeno, com ênfase especial à extrema sexualização atribuída por estes contemporâneos às jovens mulheres e às comparações feitas entre seus comportamentos e o de prostitutas, afro-brasileiras e "selvagens".
ResumoNo segundo semestre de 1926 formou-se a Companhia Negra de Revistas, reunindo músicos e artistas de renome no Rio de Janeiro e em São Paulo. A trajetória da companhia surge como sendo de grande utilidade para os historiadores interessados na consolidação de uma auto-imagem do Brasil que privilegia os aspectos "mestiços" da nação. Primeiramente, a trajetória da companhia mostra a participação de negros como agentes de sua presença como símbolos nacionais, pois as peças da companhia valorizavam a cultura negra como cultura nacional, operação que tem sido apontada como atividade meramente de intelectuais brancos. Além disto, mostra ainda o lado transnacional desta valorização da cultura negra ocorrida nos anos 1920. Isto se dá quando se tem em mente que no mesmo período a(s) cultura(s) negra(s) fazia(m) grande sucesso em Paris, e negros norte-americanos se exibiam por todo o perío-do para o público brasileiro como membros de companhias de teatro francês. A Companhia Negra de Revistas se mostra assim como um excelente ponto de partida para se repensar uma variedade de questões sobre etnicidade, nacionalidade, influências culturais transnacionais, participação popular na formação de um "caráter nacional", cidadania, entre outras.Palavras-chave: identidade nacional, teatro de revista, massificação cultural, relações raciais, cidadania.
ResumoEm meados de 1921 chegou ao Brasil a notícia que um grupo de afro-americanos pretendia emigrar para o Brasil e fundar uma colônia no Estado do Mato Grosso. Tal fato provocou grandes reações na Câmara dos Deputados, na imprensa e nas ruas, em uma grande discussão a respeito da conveniência de tal imigração, tendo como fundo a idéia, já a esta altura generalizada, de que o Brasil era caracterizado pela ausência de preconceito racial. Ao acompanhar o debate que se seguiu, este artigo pretende apontar os meandros da idéia de democracia racial no período do pós-guerra, desde as formulações mais próximas à ideologia do branqueamento até versões igualitárias, que utilizavam a democracia racial como aspiração a ser alcançada.Palavras-chave: imigração, afro-americanos, democracia racial, preconceito racial. Abstract Problems in heaven: the Brazilian racial democracy faces the African-American immigration (1921)Around 1921 Brazil heard the news that a group of African-Americans intended to emigrate to this country to found a colony in the Mato Grosso state. This fact provoked great reactions in the Chamber of Deputies, in the press and on the streets and also caused a big discussion about this emigration's convenience, having the ideanow totally spread -that in Brazil there was no racial prejudice.Estudos Afro-Asiáticos, Ano 25, n o 2, 2003, pp. 307-331 Accompanying the debate that followed, this article intends to point out the inner parts of the racial democracy idea during the post-war period, from whitening ideology ideas to equality versions, which aspired to a racial democracy.
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