Resumo: Este artigo tem como objetivo examinar a colaboração de Graciliano Ramos com a revista luso-brasileira Atlântico, o mais importante elo editorial do intercâmbio literário e intelectual pactuado pelas ditaduras de Salazar e Vargas a partir do Acordo Cultural de 1941. Nesse processo investigativo, apresentam-se as diretrizes da política editorial do periódico e a ambiência discursiva com que ela enquadrava os textos. Em seguida, discute-se em que medida a dimensão crítica dos quadros memorialísticos publicados pelo autor alagoano em Atlântico procurava ser atenuada pela proposta do veículo de apresentar-se como um álbum luxuoso e enviesado de congraçamento literário entre as duas nações. Palavras-chave: Graciliano Ramos, Atlântico: Revista Luso-Brasileira, José Osório de Oliveira, Infância, Estado Novo brasileiro e português Abstract: This article aims to examine the collaboration of Graciliano Ramos with the Luso-Brazilian magazine Atlântico, the most important editorial link of the literary and intellectual exchange agreed by the Salazar and Vargas dictatorships after the Cultural Agreement of 1941. In this investigative process, we present the guidelines of the journal's editorial policy and the discursive ambience with which it sought to frame the texts. Then, we discuss how the critical dimension of the memorialistic paintings published by the Alagoan author in Atlântico tried to be mitigated by the proposal of the vehicle to present itself as a luxurious and biased album of literary harmony between the two nations.
Este artigo tem como objetivo analisar o tratamento conferido pelo Estado Novo brasileiro (1937-1945) a Machado de Assis, depois das celebrações oficiais do centenário do autor de Dom Casmurro em 1939. Se, no ano da efeméride, o governo se empenhou em alçar o romancista à condição de maior escritor brasileiro, no início dos anos 1940, no âmbito do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), o tom passa a ser outro: num contexto de prevalência de certo caráter social e documental da obra de arte, o próprio Getúlio Vargas, o ideólogo Cassiano Ricardo e os principais periódicos estadonovistas fazem menção ao suposto absenteísmo e à falta de "cor local" do fundador da Academia Brasileira de Letras.
Partindo da análise do livro Linhas Tortas, o presente trabalho tem por objetivo estudar as crônicas de Graciliano Ramos, escritor usualmente valorizado por seus romances. Busca-se descrever como o autor se apropria do gênero, transformando-o em prática pessoal. A crônica foi escolhida por seu caráter híbrido, em que se observa a fusão de, entre outros, elementos do conto, da digressão dissertativa (vida cultural, política e cotidiana), da crítica literária com aspectos do fait divers, o que permite o estudo da inter-relação entre literatura e jornalismo. A lista de renomados poetas e romancistas nacionais que sabidamente colaboraram em jornais e revistas é extensa.
Resumo O presente artigo visa a traçar de forma sucinta a história da primeira edição de Páginas recolhidas, de Machado de Assis, bem como conjecturar hipóteses sobre a elaboração de tal obra, com vistas a discutir a faceta de editor cultivada pelo autor de Dom Casmurro. Para tanto, recupera-se, de início, a atuação do escritor no processo de produção editorial de seus livros, mediante a retomada de elementos bibliográficos e, sobretudo, de dados contidos em sua correspondência, para então se tratar do processo de feitura da miscelânea em questão, a primeira realizada pelo escritor. Publicado em 1899, o livro Páginas recolhidas abriga oito contos, seis crônicas, uma peça de teatro, um discurso, uma evocação e uma análise de correspondência.
Resumo Este artigo visa a analisar os textos preambulares de autoria de Machado de Assis ou de instâncias ficcionais por ele criadas, tanto os autorais, como os alógrafos. O exame dessas páginas pré-textuais enquanto espécies de exórdios baseia-se em aproximações preliminares entre literatura e retórica e entre livro e discurso. Esboçada essa ponte entre retórica antiga e tradição tipográfica, investigam-se os antelóquios machadianos no exercício de múltiplas funções, que convergem no desejo do autor em direcionar a leitura de suas obras. Embora muitos dos prefácios alógrafos de Machado tenham sido recolhidos nas Obras completas do autor, trazemos, em anexo, uma proposta de edição desses escritos com o intuito de facilitar seu exame em conjunto, enquadrando-os em seus respectivos contextos de publicação.
O presente artigo busca analisar a recepção crítica de duas narrativas de José J. Veiga: o conto “A Usina Atrás do Morro”, presente no livro Os Cavalinhos de Platiplanto (1959), e o primeiro romance do escritor, A Hora dos Ruminantes (1966). Ainda que com temáticas semelhantes e publicados em espaços de tempo relativamente próximos, esses escritos recebem leituras marcadamente diversas: enquanto associa-se o primeiro ao “absurdo” e ao “fantástico” de matrizes kafkianas, toma-se o segundo, majoritariamente como uma alegoria política. Com o objetivo de examinar diferentes matizes de tais interpretações divergentes, mobilizam-se dados relativos ao contexto histórico e editorial de ambos os textos, tomando-se como referência, sobretudo, trabalhos de Chartier e Hallewell. Em linhas gerais, os dois pesquisadores corroboram e municiam, cada um à sua maneira, uma perspectiva articulada de estudo da literatura que, para além de investigar elementos intrínsecos às obras, busca compreender os processos que permeiam a composição, circulação e recepção destas enquanto livros.
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo analisar a segunda fase da poesia de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, com foco específico no estudo da Ode Triunfal, poema no qual o artista glorifica, em tom eufórico, as descobertas tecnológicas e científicas do mundo moderno. Nesse processo, Campos advoga em favor de um "eu" fragmentário, capaz de mimetizar o caráter prismático do turbilhão de sensações do mundo moderno, colocando-se como uma espécie de porta-voz do processo de despersonalização empreendido pelo próprio Pessoa. Diante disso, convém examinar tal produção, com foco num dos principais intertextos com os quais ela dialoga: as teses futuristas de F. T. Marinetti. Assim, procurar-se-ão apontar aproximações e distanciamentos entre o referido texto pessoano e as diretrizes vanguardistas traçadas pelo teórico italiano em seus principais panfletos combativos.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.