O artigo analisou as mudanças no uso do solo na Região de Caxias, Leste do Maranhão, Nordeste do Brasil, entre os anos de 1985 e 2018. Essa delimitação encontra-se no MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), parte do Cerrado. Para tanto, utilizou o mosaico de imagens do Mapbioma para detectar a localização das florestas e campos agrícolas e dos dados agropecuários fornecidos pelo IBGE. Além disso, empregou-se as informações obtidas por meio de entrevistas e questionários aplicados aos produtores de soja da região e stakeholders dessa cadeia como forma de obter informações empíricas adicionais. Enumerou-se as seguintes categorias para analisar as motivações que acarretaram as mudanças do uso do solo na região: (1) melhorias na infraestrutura, (2) disponibilidade de solos para a agricultura, (3) entrada de companhias globais do agronegócio no Brasil, e (4) quantidade significativa de pequenos produtores rurais. Apesar do aumento da sojicultura no Leste do Maranhão, impulsionada pelos investimentos em infraestrutura e TI, a pastagem, usado para a alimentação do gado, foi o principal responsável pelas mudanças no uso do solo na região. Dentre as principais dificuldade enfrentadas pelos sojicultores, a demora em obter licenças ambientais e a de adquirir tecnologia para a produção agrícola em larga escala são os principais obstáculos. Dessa forma, o grande desafio do Leste do Maranhão é garantir a proteção dos seus recursos naturais sem comprometer a agricultura familiar, a pecuária bovina e a produção de soja.AbstractThis paper analyzed the reasons for land use changes in Caxias, East Maranhão, in the Northeast region of Brazil, between 1985 and 2018. The analyzed region is located in MATOPIBA, which includes the states of Maranhão, Tocantins, Piauí and Bahia, part of the Cerrado and also known as the last agricultural frontier. Remote sensing using MapBioma to detect the location of forest lands and farming fields was applied combined with IBGE database about the agricultural production. Additionally, the application of questionnaires and interviews with regional soybean farmers and stakeholders was used to obtain additional empirical information. The following four categories probably responsible for those land use changes were analyzed: (1) infrastructure/investments in facilities, (2) environment/availability of natural cover for agriculture, (3) economy/entrance of global agribusiness companies; and (4) demography/number of smallholder´s properties. Even though soy production has increased significantly in Maranhão, due to large investments in infrastructure and IT, the main responsible for deforestation and changes in land cover in the Caxias region has been pasture and cattle breeding. Tight environmental procedures and strong difficulties to acquire large areas of suitable land for high-tech commodity production have been the main obstacles for more significant advances of soybean production in Caxias. Thus, protection of forests, multitask agricultural activities, sustainable cattle breeding and soy production as part of a global supply chain should be harmonized in order to guarantee well-balanced co-existing and development.
<p>Este artigo analisa a influência da agricultura familiar na região Nordeste sobre a ótica do desenvolvimento rural. Além disso, compara-se o seu desempenho com os resultados obtidos na região Sul. Para tanto, estratificaram-se os dados censitários do IBGE no ano de 2010 tendo como base a participação da agricultura familiar na produção agropecuária municipal. Em seguida, realizou-se uma análise referente ao desempenho em dimensões selecionadas e comparações com a região Sul. Os resultados apontam que o nível de produção, renda e a infraestruturas são as principais diferenças entre as regiões Sul e Nordeste. Com base nos dados analisados, não constataram-se evidências que sustentam a afirmação de que o desenvolvimento rural está atrelado à presença da agricultura familiar. Recomendam-se análises de dados mais detalhados para cenários microrregionais.</p>
As regiões do agronegócio no Brasil assumem a condição de vulnerabilidade quando se tornam excessivamente dependentes dos ganhos advindos das commodities agrícolas e possuem cidades que desempenham funções secundárias nessa dinâmica. Essa assimetria entre o urbano e o rural, sendo que o campo tem como principal característica o uso intensivo da tecnologia, restringe a capacidade dos seus moradores se integrarem no contexto vigente. Além disso, as crises que se propagaram entre os anos de 2007 e 2017 colocaram ainda mais dificuldades nesse processo. Neste tocante, a pesquisa analisou quais dessas regiões, mesmo diante de tamanhas adversidades presenciadas nesse período, alcançaram um nível satisfatório de desenvolvimento por meio da geração de emprego e renda. De acordo com os resultados obtidos, a principal constatação é que a diversificação da base regional, calcada no comércio e serviço, é o caminho apropriado para as regiões do agronegócio se tornarem menos vulneráveis aos desafios inerentes.
O estudo compara duas áreas que se inseriram no contexto econômico via difusão do agronegócio: os Cerrados do Centro Norte brasileiro, especializados na produção de grãos, e as áreas irrigadas da Caatinga nordestina, com predominância no plantio de frutas. Em comum, são consideradas Regiões Produtivas do Agronegócio (RPA), dado que possuem polos regionais onde localizam-se as empresas e holdings que são responsáveis pela consolidação dessas cadeias agrícolas em suas zonas de influência, delimitadas através do conceito de Região Geográfica Imediata, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para tanto, utilizou-se da análise de agrupamentos com o propósito de identificar a intensidade das suas semelhanças e diferenças. Os resultados apontaram que a região de Barreiras(BA) auferiu um patamar superior ao abrigar grandes quantidades de empresas que apoiam o plantio intensivo de grãos. Sobre as demais, restrições de ordem física, climática e de infraestrutura impedem a atração de novos agentes do agronegócio. Diante disso, concluiu-se que a tecnologia é um fator dominante, uma vez que as inovações influenciam na produtividade, diversificação, tempo de colheita e na logística, e as empresas se inserem nesse contexto ao disponibilizar tais serviços. A junção desses elementos é a que torna as RPAs diferentes umas das outras.
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