Ainda que os críticos caracterizem os apoiadores de Jair Bolsonaro como autoritários, estes não se percebem dessa maneira. Para eles, seus discursos e práticas seriam aqueles verdadeiramente democráticos. Considerando essa premissa, o objetivo deste trabalho é apresentar resultado preliminar de pesquisa que busca explicitar como os apoiadores de Bolsonaro mobilizam as tensões entre a liberdade individual e as instituições democráticas para veicular noções associadas à palavra democracia no YouTube. O artigo levanta a hipótese de que estas noções associadas à palavra democracia se fundamentam na mobilização política de medos, e que encontram na ideia de cidadão de bem, e não nas instituições democráticas, sua base de construção e manutenção. Para testar a hipótese, este artigo analisou as interpretações sobre o caso da prisão do deputado federal Daniel Silveira em dois canais autointitulados apoiadores de Jair Bolsonaro, Te Atualizei e Canal Hipócritas. Para a organização e análise do material foi utilizada a codificação, utilizando como metodologia a grounded theory (GT) e, tendo por base um debate teórico metodológico de enquadramento interpretativo. Os resultados encontrados confirmam as hipóteses levantadas, embora diga respeito aos casos particulares analisados, sem a pretensão de generalização. Palavras chaves Redes digitais. Enquadramento. Novas Direitas. Democracia. Liberdade.
Em um mundo cada vez mais conectado, no qual o processo de deliberação, de tomada de decisão individual sofre influência de máquinas cada vez mais autônomas, emerge a necessidade de compreender em que medida estes sistemas autônomos nos governam e qual seria exatamente este tipo de governo. Para em seguida, compreender como esta nova forma de governo impacta o processo de constituição do sujeito e, consequentemente, o processo político deliberativo. Para tanto, nos apoiaremos na noção de "governamentalidade Algorítima" de Rouvroy (2015) a fim de compreender a influência das máquinas guiadas por algoritmos na sociedade contemporânea e, na teoria de Manin (1997) , no que diz respeito à legitimidade das decisões tomadas por meio da deliberação política. O objetivo final é esclarecer as possibilidades e limitações do processo deliberativo em uma sociedade regida por algoritmos.
No campo digital, uma crença coletiva ganha mais plausibilidade por meio da crescente repetição na rede discursiva. Isso ocorre graças à prevalência de apelos emotivos e opiniões pessoais frente aos fatos. Deste modo, a legitimidade do discurso digital está associada à sua circulação (visibilidade). Considerando essa premissa, o objetivo deste artigo é compreender como se comportam as redes bolsonaristas no Twitter, junto a como os atores que se denominam “bolsonaristas” se apropriam, disputam e mobilizam discursos sobre a eficácia da cloroquina na cura da Covid-19 de modo a negociar significados e promover engajamento. Este artigo levanta duas hipóteses: (i) a rede de apoio à cloroquina no Twitter, no período analisado, é mais clusterizada – ou seja, os nós estão mais agrupados –, se em comparação à rede dos que se opõem à cloroquina no combate da Covid-19; e (ii) a defesa da cloroquina, para além de argumentos técnicos, diz respeito a uma escolha política. Para testar as hipóteses, uma análise de redes sociais (ARS) e uma análise de enquadramento interpretativo foram realizadas. No artigo, são apresentados os resultados de pesquisa a partir de uma base de dados de retuítes dos dias 06 e 08 de julho de 2020. Os resultados das análises confirmam as hipóteses.
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