Em Tempo Passado: Cultura da Memória e Guinada Subjetiva, livro lançado no Brasil em 2007, numa parceria entre a Editora Companhia das Letras e a Editora da Universidade Federal de Minas Gerais, Beatriz Sarlo realiza a análise das reconstituições da memória. Faz isso a partir da matéria proveniente da memória das vítimas e familiares das vítimas das ditaduras do Cone Sul, particularmente a da ditadura ocorrida na Argentina.
A reflexão sobre a resistência como fratura e consequentemente um desvio é o que motiva e delineia o presente estudo. A análise destaca as principais referências sobre o conceito de resistência, especialmente vinculados aos estudos literários. Ao finalizar a argumentação propõe uma outra possibilidade de categorização.
Organizado pelos grupos de pesquisa Narrativas de Resistência (NARRARES) e Estéticas, Performances e Hibridismos (ESPERHI), o III Seminário Nacional Literatura e Cinema de Resistência (SELCIR), realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), vem ao longo dos últimos anos se consolidando como um espaço fundamental para debater diversos aspectos que norteiam as pesquisas sobre resistência política e suas implicações nas artes, em especial na literatura e no cinema.Em sua terceira versão, a memória foi a categoria escolhida para nortear as discussões sobre resistência, e desse modo muitos dos estudos apresentados no decorrer do evento debateram mecanismos de seleção, lembrança, encobrimento, recriação, olvido e reparação, entre tantos outros observados nos vários objetos analisados: filmes de ficção, documentários, curtas-metragens, romances, contos, crônicas, narrativas orais, depoimentos, testemunhos, poemas, canções e peças teatrais, que foram alvos das mais diversas práticas críticas, abrangendo uma grande diversidade de enfoques.Entre as atividades integradas ao evento destacamos a realização da III Mostra Latino -Americana A Mostra se pautou na diversidade das formas cinematográficas, bem como procurou apontar para a possibilidade de nelas compreender a resistência e suas derivações, como temas nucleares, sem perder de vista a inserção destas formas nos regimes estéticos da contemporaneidade.A projeção dos filmes se fez acompanhar da apresentação de textos analíticos produzido por vários pesquisadores, que estiveram envolvidos na construção do evento e da Mostra, tarefa que objetivou provocar o debate com o público. Tais análises, uma vez convertidas para a forma de artigo, resultaram na construção de potenciais elucidações acerca de aspectos que convergem para a constituição da resistência nas produções citadas, ora detendo-se em um olhar sobre os filmes, ora procurando amealhar em outras produções não fílmicas a possibilidade de estabelecer diálogos aproximativos. A reunião desse material ora compõe o dossiê Literatura e Cinema de Resistência, da Revista Literatura e Autoritarismo.Em todos os estudos integrados ao dossiê, a resistência foi pensada como categoria catalisadora e mediadora da reflexão acerca da memória, no interior dos regimes de exceção e, do mesmo modo, naquilo que chamamos de situações de exceção, como é possível observar nos filmes Perdita Durango e Linha de passe, em que as situações catastróficas não são exatamente produzidas por um cenário em que prevalece a ausência do estado de direito, mas a instauração do ilícito e suas repercussões, que terminam por se constituir em convite ao
This work analyzes the fictional tale Mamí had reason, by João Meirelles Filho (2017), as a literary discourse that reframed the liberal, republican and capitalist thought that historically prevails in the conduct of the destinies of the Brazilian Amazon. The first hypothesis raised for investigation is that this short narrative puts the excluded at the center of the symbolic process, shaping a discourse of resistance to the traumatic incorporation of the region by the civilization of capital. The analytical axis is the representation of the space-time experience of the Amazonian subject oppressed by unfair and conflicting social relations, impacted and fractured in the tale by a flood that submerges the city of Belém and part of the eastern lands of the plain. Leitmotiv of the story, this hydrological accident breaks the paradigm of natural disaster and configures itself as a sociopolitical catastrophe. And this movement, according to the second hypothesis that we have raised, provides Mamí with a different regime of writing, that of catastrophe, which is discursively articulated with the allegorization of the reality of contemporary Amazonia.
Este artículo analiza dos poemas que tienen como tema la Guerrilla del Araguaia, que integran un conjunto de textos poéticos publicados en el periódico Resistencia, en febrero de 1979, en Brasil. El análisis consideró los aspectos históricos relacionados al tema y la constatación de la cuestión central: qué elementos presentes en los poemas permiten ubicarlos dentro de una poética de la resistencia.
Analisamos o testemunho de filhos de militantes políticos da Ditadura Militar de 1964, que reporta à experiência da infância no exílio e a forma com que essa experiência fora representada na produção literária. Para isso, selecionamos dois objetos de estudos: 1) A narrativa testemunhal “Por que você é tão tristinha?”, de Marta Nehring, publicada em 2014; e 2) A narrativa ficcional Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, publicada em 1988. Utilizamos como referencial teórico os estudos sobre testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2008, 2001); memória (SARLO, 2007; BASILE, 2019); literatura de testemunho (MARCO, 2004; SELIGMANN-SILVA, 2003; LUQUE, 2003); exílio (SAID, 2003; VIÑAR; VINÃR, 1992; ROLLEMBERG, 2007; BIROL, 2017; MONTAÑÉS, 2006); e utopia (SZACHI, 1972). Verificamos que as narrativas selecionadas apresentam um conjunto de características inerentes à experiência de exílio das crianças, dentre elas, a compreensão do exílio como um lugar utópico, espaço de liberdade, sobrevivência e resistência ao autoritarismo em estados de exceção.Palavras-chaves: Exílio. Testemunho. Infância. Utopia. Sobrevivência.
O corpo (objeto de arte) é um personagem histórico que marcou seu território nos movimentos artísticos. Por esse motivo, tornou-se objeto de pintura, escultura, colagens, com isso, obteve versões plurais de visibilidade e concepções, marcando não apenas os trabalhos de Giotto de Bondone, Leonardo da Vinci, Man Ray, assim como muitos outros artistas tiveram destaque no decorrer do tempo. Na contemporaneidade, destacamos a colagem de Max Martins, que também confere sua abordagem à temática. Assim, este artigo pretende analisar os corpos fraturados: fragmentados, desfigurados, quebrados e deformados na colagem de Max Martins, considerando os aspectos estéticos, simbólicos e intertextuais.PALAVRAS-CHAVE: Max Martins. Colagem. Corpo. Fratura.
O trabalho em questão resulta das atividades desenvolvidas simultaneamente no projeto de pesquisa Leituras da Ditadura: discursos ficcionais e não-ficcionais da resistência do Regime Militar de 1964, e no projeto de extensão Literatura em Cena. Pretende analisar a partir de um recorte do filme “Cabra-Cega”, com vistas a observar de que maneira elementos próprios da ficção paranóica, especialmente os presentes na caracterização do personagem Tiago, podem suscitar nesta narrativa cinematográfica a reflexão acerca da resistência à ditadura militar de 1964. Um dos principais resultados observados no trabalho é o uso de determinados elementos sígnicos, como modo de representação simbólica da ruína da luta armada. Palavras-chave: Resistência. Narrativa. Cabra-cega.
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