Em Tempo Passado: Cultura da Memória e Guinada Subjetiva, livro lançado no Brasil em 2007, numa parceria entre a Editora Companhia das Letras e a Editora da Universidade Federal de Minas Gerais, Beatriz Sarlo realiza a análise das reconstituições da memória. Faz isso a partir da matéria proveniente da memória das vítimas e familiares das vítimas das ditaduras do Cone Sul, particularmente a da ditadura ocorrida na Argentina.
This work analyzes the fictional tale Mamí had reason, by João Meirelles Filho (2017), as a literary discourse that reframed the liberal, republican and capitalist thought that historically prevails in the conduct of the destinies of the Brazilian Amazon. The first hypothesis raised for investigation is that this short narrative puts the excluded at the center of the symbolic process, shaping a discourse of resistance to the traumatic incorporation of the region by the civilization of capital. The analytical axis is the representation of the space-time experience of the Amazonian subject oppressed by unfair and conflicting social relations, impacted and fractured in the tale by a flood that submerges the city of Belém and part of the eastern lands of the plain. Leitmotiv of the story, this hydrological accident breaks the paradigm of natural disaster and configures itself as a sociopolitical catastrophe. And this movement, according to the second hypothesis that we have raised, provides Mamí with a different regime of writing, that of catastrophe, which is discursively articulated with the allegorization of the reality of contemporary Amazonia.
Este artículo analiza dos poemas que tienen como tema la Guerrilla del Araguaia, que integran un conjunto de textos poéticos publicados en el periódico Resistencia, en febrero de 1979, en Brasil. El análisis consideró los aspectos históricos relacionados al tema y la constatación de la cuestión central: qué elementos presentes en los poemas permiten ubicarlos dentro de una poética de la resistencia.
Analisamos o testemunho de filhos de militantes políticos da Ditadura Militar de 1964, que reporta à experiência da infância no exílio e a forma com que essa experiência fora representada na produção literária. Para isso, selecionamos dois objetos de estudos: 1) A narrativa testemunhal “Por que você é tão tristinha?”, de Marta Nehring, publicada em 2014; e 2) A narrativa ficcional Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, publicada em 1988. Utilizamos como referencial teórico os estudos sobre testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2008, 2001); memória (SARLO, 2007; BASILE, 2019); literatura de testemunho (MARCO, 2004; SELIGMANN-SILVA, 2003; LUQUE, 2003); exílio (SAID, 2003; VIÑAR; VINÃR, 1992; ROLLEMBERG, 2007; BIROL, 2017; MONTAÑÉS, 2006); e utopia (SZACHI, 1972). Verificamos que as narrativas selecionadas apresentam um conjunto de características inerentes à experiência de exílio das crianças, dentre elas, a compreensão do exílio como um lugar utópico, espaço de liberdade, sobrevivência e resistência ao autoritarismo em estados de exceção.Palavras-chaves: Exílio. Testemunho. Infância. Utopia. Sobrevivência.
O corpo (objeto de arte) é um personagem histórico que marcou seu território nos movimentos artísticos. Por esse motivo, tornou-se objeto de pintura, escultura, colagens, com isso, obteve versões plurais de visibilidade e concepções, marcando não apenas os trabalhos de Giotto de Bondone, Leonardo da Vinci, Man Ray, assim como muitos outros artistas tiveram destaque no decorrer do tempo. Na contemporaneidade, destacamos a colagem de Max Martins, que também confere sua abordagem à temática. Assim, este artigo pretende analisar os corpos fraturados: fragmentados, desfigurados, quebrados e deformados na colagem de Max Martins, considerando os aspectos estéticos, simbólicos e intertextuais.PALAVRAS-CHAVE: Max Martins. Colagem. Corpo. Fratura.
O trabalho em questão resulta das atividades desenvolvidas simultaneamente no projeto de pesquisa Leituras da Ditadura: discursos ficcionais e não-ficcionais da resistência do Regime Militar de 1964, e no projeto de extensão Literatura em Cena. Pretende analisar a partir de um recorte do filme “Cabra-Cega”, com vistas a observar de que maneira elementos próprios da ficção paranóica, especialmente os presentes na caracterização do personagem Tiago, podem suscitar nesta narrativa cinematográfica a reflexão acerca da resistência à ditadura militar de 1964. Um dos principais resultados observados no trabalho é o uso de determinados elementos sígnicos, como modo de representação simbólica da ruína da luta armada. Palavras-chave: Resistência. Narrativa. Cabra-cega.
Análise de poemas do livro Arquitetura dos ossos (1980), de Age de Carvalho, a partir das noções de tempo, e sua relação com a tradição, e corpo, em seus aspectos decompositivo e degenerativo, como elementos fundantes de sua poesia. Busca-se ler a maneira corrosiva como sua poesia trata das fragilidades do ser e sua condição perecível e material. O ensaio pensa a categoria de corpo sem órgãos como lugar de resistência contra as formas de ordenação, sob a ótica de Gilles Deleuze e Felix Guattari em intertxto com Antonin Artaud, e no intercâmbio com a cidade, a memória e a experiência de morte.
Resumo: A categoria “narrativa do perpetrador” é aqui proposta com base no paralelo com a categoria “romance do ditador” ou “narrativa do ditador”. Desse modo, da mesma forma que o romance do ditador tematiza e confere protagonismo ao tirano, a exemplo do paradigmático El otoño del patriarca e o recente La fiesta del chivo, sugerimos a narrativa do perpetrador como aquela que tematiza e confere protagonismo ao perpetrador, considerando o perpetrador como aquele que comete ato condenável, crime ou delito. No caso das narrativas analisadas neste estudo consideramos o perpetrador como todo agente fiscalizador e punitivo pertencente ao braço armado dos regimes de exceção. Sendo uma extensão do tirano o perpetrador é o responsável direto pelo funcionamento da máquina repressiva: ora o policial que investiga e colhe informações sobre os opositores do regime, ora a autoridade responsável por planejar e conduzir as ações repressivas, ora o torturador que executa as sevícias, os desaparecimentos e os assassinatos. Como forma de compreender o funcionamento da narrativa do perpetrador, apresentamos a análise do romance Memórias quase póstumas de um ex-torturador (2006), de João Bosco Maia, e o testemunho mediado Memórias de uma guerra suja (2012), de Rogério Medeiros e Marcelo Netto, com base nos depoimentos do ex-delegado do DOPS Cláudio Guerra.
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