This work analyzes the fictional tale Mamí had reason, by João Meirelles Filho (2017), as a literary discourse that reframed the liberal, republican and capitalist thought that historically prevails in the conduct of the destinies of the Brazilian Amazon. The first hypothesis raised for investigation is that this short narrative puts the excluded at the center of the symbolic process, shaping a discourse of resistance to the traumatic incorporation of the region by the civilization of capital. The analytical axis is the representation of the space-time experience of the Amazonian subject oppressed by unfair and conflicting social relations, impacted and fractured in the tale by a flood that submerges the city of Belém and part of the eastern lands of the plain. Leitmotiv of the story, this hydrological accident breaks the paradigm of natural disaster and configures itself as a sociopolitical catastrophe. And this movement, according to the second hypothesis that we have raised, provides Mamí with a different regime of writing, that of catastrophe, which is discursively articulated with the allegorization of the reality of contemporary Amazonia.
Discute as diferentes posições de Heidegger e Rancière sobre resistência através da arte. O primeiro refuta a Estética por acreditar que ela reduz a obra a objeto de sensação e de consumo. O estatuto da arte, para ele, é ontológico; sua verdade desvela-se fenomenologicamente. A primeira hipótese deste artigo é a de que essa maneira de Heidegger encarar a arte é também um modo de teorizar a sua resistência. Rancière, por sua vez, problematiza as ambiguidades da arte: ela resiste em si, materialmente, e para além de si, esteticamente; instaura dissensos. Na contemporaneidade, segundo ele, vige uma metapolítica que reestrutura os modos de resistência ao desvincular a arte tanto da militância política como da estetização mercadológica. A segunda hipótese é a da vigência dessa metapolítica em Diário de um Retorno ao País Natal de Aimé Césaire, poema que também interpretamos à maneira de Heidegger.
Este trabalho investiga os elementos de escrita do trauma presentes no livro A noite da espera (2017) de Milton Hatoum. A análise parte da concepção de trauma psíquico na teoria freudiana e de sua aplicação na teoria literária. Observamos como essa concepção gerou um novo conceito de representação –– a literatura de testemunho –– e como ele se estabelece com fundamentos próprios e características que demarcam diferenças em relação à narrativa tradicional. Situamos o livro em análise como um romance de teor testemunhal e comentamos as evidências que o inserem no contexto da escrita do trauma. As discussões deste artigo têm o aporte teórico de autores como Sigmund Freud (1926 [2014]), Werner Bohleber (2007), Márcio Seligmann-Silva (2003; 2005; 2018), Jaime Ginzburg (2010), dentre outros.
Este trabalho tem como objetivo fazer a análise literária dos contos “Poraquê” e “Mamí tinha razão” de João Meirelles Filho (2017). O artigo levanta a hipótese de que essas duas narrativas curtas se conjugam num espaço-tempo comum e adquirem estatuto ficcional sob o regime de escrita da catástrofe. O trabalho discute o paradigma de catástrofe à contraluz da noção de desastre. Analisa as figurações do sujeito amazônico nos contos. E, pela via da representação alegórica, defende que as fraturas em seu modus vivendi, visíveis em “Poraquê” e “Mamí tinha razão”, decorrem não de fatores naturais como os fenômenos hidrológicos da Bacia Fluvial Amazônica, mas sobretudo da trama das relações de produção capitalistas, sistema que em seu modelo de geração de riqueza e organização social engendra a catástrofe da modernidade no cotidiano amazônico. Os autores de referência são Benjamin (2012; 2016), Seligmann-Silva (2000), Quarantelli (2015), Loureiro (2001) e Sarmento-Pantoja (2014), dentre outros.
This paper analyzes the short stories La llocclada and Cielo sin nubes by the Peruvian writer Francisco Izquierdo Ríos. It argues that in both the fractures arising from the water phenomena of the Amazon Basin are constituted under the paradigm of disaster, whose framework is that of alterity and solidarity, and not under the paradigm of catastrophe, which has as its framework the exception of law and barbarism.
ResumoEste trabalho analisa os contos La llocclada e Cielo sin nubes do escritor peruano Francisco Izquierdo Ríos. Argumenta que em ambos as fraturas decorrentes dos fenômenos das águas da Bacia Amazônica constituem-se sob o paradigma do desastre, cujo marco é o da alteridade e da solidariedade, e não sob o paradigma da catástrofe, que tem como marcos a exceção do direito e a barbárie.
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