OBJETIVO: Avaliar a associação entre demanda psicológica e controle sobre o trabalho e a ocorrência de distúrbios psíquicos menores entre trabalhadoras de enfermagem. MÉTODOS: Estudo de corte transversal, incluindo 502 trabalhadoras de enfermagem de um hospital público de Salvador, Bahia. O Modelo Demanda-Controle, de Karasek, foi utilizado para avaliar as dimensões psicossociais estudadas. Para mensuração de distúrbios psíquicos menores (DPM), utilizou-se o SRQ-20. RESULTADOS: A prevalência de DPM foi 33,3%, variando de 20,0% entre enfermeiras a 36,4% entre auxiliares. Observou-se nítido gradiente tipo dose-resposta de associação positiva entre demanda psicológica e DPM, e associação negativa entre controle sobre o trabalho e DPM. A prevalência de DPM foi mais elevada (RP=2,6; IC95%: 1,81-3,75) no quadrante de trabalho em alta exigência (alta demanda, baixo controle), quando comparado às profissionais em trabalho de baixa exigência (baixa demanda, alto controle), depois de ajustado, num modelo de regressão logística múltipla, por potenciais confundidores. CONCLUSÕES: Os achados reforçam a relevância da adoção de medidas de intervenção na estrutura organizacional, de modo a elevar o controle sobre o trabalho e redimensionar os níveis de demanda psicológica.
A literatura científica sobre a saúde dos professores é escassa e recente, enfocando especialmente o desgaste e estresse. Este trabalho objetivou descrever as condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino da cidade de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Num questionário auto-aplicado foram coletadas informações de 250 professores de dez escolas. Entre as características do trabalho docente, avaliadas pelo Job Content Questionnaire, destacaram-se ritmo acelerado de trabalho, ser criativo e ter boas relações com as pessoas no trabalho. As queixas de saúde mais freqüentes estavam relacionadas à postura corporal, à saúde mental e a queixas relacionadas à voz. A prevalência de distúrbios psíquicos menores (DPM), medida pelo Self Reporting Questionnaire-20, foi de 41,5% e estava fortemente associada a longos períodos de intensa concentração em uma mesma tarefa e volume excessivo de trabalho. Os resultados sugerem relação entre a prevalência de DPM e algumas características do trabalho docente, evidenciando desgaste psicológico do educador.
Nos últimos anos registra-se marcado esforço de construção de modelos teórico-metodológicos para avaliar características do trabalho e efeitos à saúde dos trabalhadores. Dentre os modelos propostos, o Modelo Demanda-Controle tem alcançado destaque. Esse modelo recorta duas dimensões no ambiente laboral: as demandas psicológicas e o controle do trabalhador sobre o próprio trabalho. O Job Content Questionnaire (JCQ) é o instrumento proposto para medir essas dimensões do trabalho. Este estudo objetiva apresentar as bases teóricas e metodológicas do modelo demanda-controle, e discutir sua capacidade para identificar diferentes situações de trabalho no contexto brasileiro, a partir do uso do JCQ. Achados preliminares de dois estudos epidemiológicos, de corte transversal, são apresentados e discutidos. Os estudos avaliaram aspectos psicossociais do trabalho, utilizando o JCQ, e a saúde mental dos trabalhadores, usando o SRQ-20. Os resultados apontaram boa capacidade do modelo demanda-controle para identificar diferentes situações de risco à saúde mental dos trabalhadores. Aspectos relacionados à demanda psicológica do trabalho estavam mais fortemente associados a elevadas prevalências de distúrbios psíquicos menores do que os aspectos referentes ao controle.
Um estudo epidemiológico transversal com todos os 808 professores da Rede Municipal de Ensino de Vitória da Conquista, Bahia, encontrou elevadas prevalências de queixas de cansaço mental (70,1%) e de nervosismo (49,2%). Diversos fatores de risco associaram-se a cansaço mental e a nervosismo: idade >27 anos, ser mulher, ter filhos, escolaridade média, lecionar >5 anos, vínculo de trabalho estável, trabalho em zona urbana, carga horária semanal >35h, renda >360 reais, sobrecarga doméstica média/alta, não ter atividades de lazer, alta demanda no trabalho e baixo suporte social. A classificação do trabalho docente, segundo o Modelo Demanda-Controle de Karasek, revelou os quadrantes "baixa exigência" (40,3%) e "trabalho ativo" (39,7%), ambos com alto controle das atividades por parte dos professores. Professores em trabalho de "alta exigência" e "trabalho ativo" apresentaram prevalências de cansaço mental e de nervosismo mais elevadas que aqueles de "baixa exigência".
A cross-sectional study with all the teachers in the municipal school system in Vitória da Conquista, Bahia State, Brazil, investigated the association between work content (psychological demand and control over work) and the occurrence of minor psychiatric disorders (MPD) among teachers. The Karasek demand-control model was used to evaluate control over work. The Self-Report Questionnaire-20 was used to evaluate minor psychiatric disorders. MPD prevalence was 55.9% among the 808 teachers studied. Crude prevalence of MPD showed a positive and significant association with psychological demand and a negative and significant association with control over work. MPD prevalence was higher in teachers with highly demanding work, characterized by heavy demand and low control (PR = 1.74; 95%CI: 1.44-2.10), and in those with active work, with heavy demand and low control (PR = 1.35; 95%CI: 1.13-1.61), as compared to teachers with low-demand work (light demand and high control), after adjusting for confounders in a multiple logistic regression model. As a conclusion, teachers' mental health is strongly associated with their work content.
Este artigo descreve a prevalência de dor musculoesquelética segundo variáveis sociodemográficas e ocupacionais de professores do ensino básico. Um estudo epidemiológico de corte transversal, de caráter censitário, incluiu todos os 4.496 professores do ensino fundamental da rede municipal de Salvador, Bahia, Brasil. As prevalências de dor musculoesquelética em membros inferiores (41,1%), membros superiores (23,7%) e dorso (41,1%) foram elevadas. A prevalência global de dor musculoesquelética relacionada a qualquer um dos três segmentos corporais foi de 55%. A dor musculoesquelética foi mais prevalente, nos três segmentos investigados, entre as mulheres, os mais velhos, de nível educacional médio, casados, com três ou mais filhos e que trabalhavam mais de quatorze anos como docente. A prevalência de dor músculoesquelética associou-se às seguintes variáveis ocupacionais: tempo de trabalho superior a cinco anos na escola estudada, elevado esforço físico, outra atividade remunerada não docente e calor em sala de aula. Esses achados alertam para a necessidade de adoção de políticas públicas para melhoria das condições de trabalho do professor.
This study focused on the psychometric properties of the
OBJETIVOS: estimar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) em mulheres e descrever fatores associados à sua ocorrência, com ênfase no trabalho doméstico. MÉTODOS: estudo de corte transversal com mulheres de Feira de Santana, Bahia. Foram entrevistadas 2055 mulheres, com idade 15 anos. Avaliaram-se características sociodemográficas e aspectos do trabalho doméstico. A saúde mental foi avaliada pelo Self Reporting Questionnaire (SRQ-20). Calculou-se a prevalência de transtornos mentais comuns, sua associação com alguns fatores, mediante o cálculo da razão de prevalência. RESULTADOS: a prevalência global de TMC foi 39,4% (IC95%: 37,3-41,6%). Mulheres com alta sobrecarga doméstica apresentaram prevalência de TMC mais elevada (48,1%) do que mulheres com baixa sobrecarga (22,5%). Ajuda doméstica remunerada na realização das tarefas associou-se à baixa prevalência de TMC (28,0%); e elevadas prevalências em mulheres que não recebiam ajuda (47,1%) ou contavam apenas com o auxílio de um homem (46,9%). Outras características estavam associadas à ocorrência de TMC: ser negra ou parda, divorciada/desquitada/viúva, baixo nível de escolaridade, ou de renda, ter filhos, ser chefe de família e não dedicar tempo semanal ao lazer. CONCLUSÕES: aspectos referentes ao trabalho doméstico devem ser considerados e incorporados à avaliação da saúde mental das mulheres.
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