RESUMO: Um mesmo instrumento pode ser adequado para distintas realidades, mas, para ele que avalie de fato concepções atreladas a um contexto cultural particular, é preciso compreender o fenômeno sob as lentes desse cenário. O objetivo deste artigo foi apresentar os resultados preliminares de validação e de confiabilidade da Escala Intercultural de Concepções de Deficiência (EICD) para a realidade brasileira. A EICD é um instrumento elaborado por uma equipe de distintos países (Brasil, Espanha e Portugal) e voltado para a avaliação de concepções de deficiência. Contou-se com a validação qualitativa (com base no conteúdo), por meio dos juízes nacionais e internacionais, e por verificação de componentes principais realizada por análise fatorial exploratória dos dados coletados com um grupo amostral brasileiro. A versão final contou com tradução e retradução para quatro diferentes línguas: espanhol (Cuba), catalão (Barcelona), castelhano (Sevilha) e português (Portugal). No que tange ao estudo fatorial para a realidade brasileira, a EICD ficou composta por 43 itens, distribuídos em três dimensões (Concepção Biológica, Concepção Social e Concepção Metafísica (Religiosa)). Estudos futuros serão necessários para o aprimoramento psicométrico do instrumento, tanto no contexto nacional quanto no internacional.
Apesar de a graduação ter como foco a promoção de desenvolvimento do estudante, estes enfrentam desafios que podem se desdobrar em vivência de dificuldades, sofrimento e até mesmo adoecimento. Por isso, é necessário que o estudante seja compreendido como pessoa em um período contextualizado, tanto para seu futuro como para a sociedade, o que exige a construção de um valor ético do cuidado pela comunidade acadêmica. Tal valor pode dirigir e amparar práticas culturais relacionadas às decisões no campo da política pública voltada a este público. Há mudanças importantes na democratização da universidade brasileira que embasam políticas de saúde e permanência estudantil, mas ainda há desafios quanto à busca por efetivas mudanças e o aspecto do cuidado com as diferentes pessoas que adentram a universidade ainda está sendo construído. Considerando as intervenções voltadas para a promoção de habilidades e repertórios que contribuem para mudanças interpessoais e acadêmicas, foi realizada uma revisão integrativa de literatura, por meio de análises de materiais já publicados sobre o programa Promove-Universitários, identificados no Scholar Google. Foram identificados 14 estudos, com publicações desde 2005 a 2022, na modalidade individual e grupal, virtual e presencial, com quantidade de sessões que variaram de 12 a 48. Os resultados identificam a intervenção como instrumento que promove mudanças em habilidades sociais e saúde mental dos universitários, indicando a necessidade de práticas interventivas voltadas ao desenvolvimento de habilidades e promoção de saúde nessa população.
RESUMO A participação de pessoas com deficiências em diferentes instâncias profissionais tem sido uma realidade cada dia mais frequente em função das políticas públicas que têm orientado essa prática. O estudo aqui retratado procurou identificar as concepções de deficiência em duas diferentes categorias de atuação profissional de uma universidade pública do Estado de São Paulo, a saber: docentes e técnicos administrativos. Parte-se da ideia de que as concepções sobre determinados fenômenos são norteadoras para as condutas sobre o mesmo, no caso, no trato em relação às pessoas com deficiências. Aplicou-se a escala de Concepções de Deficiência (ECD), como instrumento de coleta de dados, com os dois conjuntos de participantes. Os dados foram expostos as análises descritivas e inferenciais. Os resultados indicaram que tanto docentes como técnico-administrativos tendem a concordarem com as afirmações que coadunam com concepções que procuram interpretar a deficiência num viés mais social e cultural. Tais achados são importantes para que profissionais da Psicologia, em particular para aqueles que se encontram na área organizacional e do trabalho pensarem em formas de atuação para que as organizações possam de fato se constituírem como um espaço acolhedor às diferenças, com vistas ao desenvolvimento de diferentes grupos sociais.
O trato com o fenômeno deficiência está atrelado às especificidades ideológicas, significadas pela sociedade. Nessa direção, analisar como contextos político-econômicos bem distintos, Cuba e Brasil, se posicionam a respeito se configurou objeto central deste estudo. O primeiro representado por uma república socialista, com um sistema de organização interna centralizado no modelo marxista-leninista comunista, e o segundo caracterizado pelo modo sistema capitalista, numa perspectiva produtivista. O objetivo do estudo foi identificar levantar os conceitos de deficiências nos dois países e investigar as concepções de deficiência, utilizando a Escala de Concepção de Deficiência – ECD, em dois grupos de universitários, comparando os achados. Participaram do estudo 272 universitários cubanos e 344 brasileiros. As análises dos dados identificaram dados descritivos semelhantes entre as amostras. Pela análise das medianas, evidencia-se que no Brasil há uma tendência de concordar com enunciados que relacionados a uma interpretação histórico-cultural da deficiência, seguida da social. Em Cuba, a tendência foi acordar com enunciados que concebem a deficiência como um fenômeno social, seguida igualmente da interpretação biológica e histórico-cultural. Ambos contextos indicaram baixa concordância com enunciados que implicam em conceber a deficiência como um fenômeno metafísico. Destacar concepções de universitários sobre a deficiência é interessante na medida que traz para o debate científico como futuros profissionais se posicionam diante desse grupo social e ainda pode indicar como a universidade tem trabalho questões referentes a esse grupo social.
O contexto universitário tem se tornado objeto de muitas pesquisas que correlacionam exigências acadêmicas e contextos socioeconômicos como fatores de risco e redes sociais e acesso a rede de atenção psicossocial como fatores de proteção para a saúde mental. Este estudo foi baseado nos sete meses iniciais de implantação de um Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial (NTAPS) em contexto universitário, projeto piloto que se transformou em projeto estruturado. A implantação do projeto e o estudo sobre a importância de atenção voltada à saúde mental no contexto universitário (e que essa deva ser alcançada em sua condição extensa, com ações preventivas e outras de atenção) ressalta a importância de intervenções grupais para o alcance mais intensivo da população universitária e que promova em conjunto habilidades sociais que também são protetivas.
O presente artigo objetiva relatar uma experiência em Terapia Analítico-Comportamental (TAC) com um caso de um universitário com diagnóstico de transtorno depressivo maior com características psicóticas e episódio recorrente, atrelado a sintomas ansiosos e identificado com superdotação acadêmica. O acompanhamento psicoterapêutico relatado teve a duração de três anos, com 101 sessões realizadas a partir da perspectiva da análise do comportamento aplicada. Procedimentos de treinamento de habilidades sociais, e tarefas de ativação comportamental se mostraram efetivas no caso, além de sessões voltadas para trabalhar perfeccionismo e análise funcional relacionadas aos diversos sintomas. Dentre os resultados identificou-se redução na frequência de sintomas ansiosos, crises ansiosas e depressivas, além da melhora nos relacionamentos interpessoais e enfrentamentos diante de situações sociais que antes da terapia eram de alto custo. O estudo indica prejuízos de avaliação e procedimentos padronizados para casos de comorbidades e da importância da prática baseada em evidência em estudo desses casos.
A inclusão de pessoas com deficiências ainda se esbarra em barreiras, em especial as barreiras atitudinais. A adoção de crianças com deficiências, além de ser uma ação que garante o direito fundamental da convivência familiar, é, por fim, um dos cenários que busca a inclusão e que ainda revela barreiras capacitistas. O presente estudo tem como objetivo identificar concepções de deficiência para quatro pais adotivos e quatro pretendentes à adoção e relacionar com motivadores ou não da adoção de crianças com deficiências. Os resultados indicaram uma forte tendência à concordância com a concepção biológica da deficiência, associada à ideia de dependência dessas crianças, relacionando ao capacitismo. O estudo identifica uma escassez de acesso a conteúdo sobre deficiência durante o processo de adoção e indica a possibilidade de técnicos que possam atuar nesse processo, promovendo discussões em fórum e grupos de apoio à adoção.
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