A relação entre nossos sentidos perceptivos e os métodos técnicos de amostragem da realidade material em códigos digitais nos permite acessar em tempo real seus dados constitutivos. Devemos aprender a ver o mundo, pois o mundo é o que vemos; mas qual visão temos dele por meio dos dados? Percebemos que, na formação da imagem, o difuso é a transição para o visível, que ostenta o futuro da imagem, renovando-a no tempo real da transmissão. Artistas que lidam com dados utilizam diversos métodos para capturar, processar e representar a realidade, agora abstraída em instruções binárias, acionadas por algoritmos que objetivam cada vez mais mediar nossa experiência sensível com a realidade.The relation between our perceptual senses and the technical methods of sampling material reality in digital codes allows us to access their constituent data in real time. We must learn to see the world, for the world is what we see, but what is our view of the world through data? We perceive that, in the formation of the image during its time of appearance, the diffuse is the transition to the visible, which bears the future of the image, renewing it in the real time of transmission. Artists dealing with data use a variety of methods to capture, process, and represent reality, now abstracted into binary, algorithmdriven instructions that increasingly seek to mediate our sensitive experience with reality. palavras-chave: dados; data artist; visualização de dados; design keywords: data; data artist; data visualization; design O visível do invisível: data art e visualização de dados.A arte pode tornar visível o invisível ou o avesso do visível 2 ? Para Paul Klee 3 , a obra de arte expande nossa percepção do mundo para além de nós mesmos. É nesse sentido que a arte torna o mundo mais visível. Klee escreveu que a realidade inclui tanto o que está fora de nós quanto as emoções e a sensibilidade, mas o que lhe interessa é explorar as possibilidades de tempo e espaço, geradoras da forma em suas transmutações. Entretanto, o avesso do visível, no que concerne à sua opacidade, tem sido ignorado na arte. A opacidade, o difuso, pode caracterizar muito melhor a vida do que a coisa nítida, que fixa a realidade. O difuso inscreve formas e contornos indefinidos, incertos, nitidamente suavizados, com prolongamentos indeterminados, pois explora também as possibilidades de espaço e tempo 4 .Esses conceitos estão no centro de debates pluridisciplinares, nos quais se encontram as pesquisas atuais da data art, assim como da visualização de dados, ambas inseridas no contexto da arte computacional. A etimologia do termo "dados" tem origem no latim datum ("aquilo que se dá"), que é o particípio do verbo dare (dar). Tais significados podem ser contrastados com a ideia de "fato", facere no latim, que remete àquilo que já foi feito, que está pronto ou existe. De acordo com Rosenberg 5 , a noção de "dados" também contrasta com a de "evidência", videre no latim ("ver"). Para ele, apesar de parecerem semanticamente similares, existe uma importante diferença: fatos sã...