Este trabalho apresenta uma discussão, historicamente embasada, de como se configurou a noção de proteção da infância no Brasil. Ainda, apresentamos a proteção em interface com as relações intergeracionais, entre adultos e crianças, de modo a responder à pergunta: como a ideia de proteção da infância modela as relações intergeracionais entre adultos e crianças no contemporâneo? Como elementos desta discussão, discutimos o viés classista e racializado constitutivo da emergência da noção de proteção no país com dois principais desdobramentos: a dificuldade de que ela possa orientar no presente práticas de cuidado às crianças compatíveis com a noção de criança como sujeito de direitos; a dificuldade para se efetivar a infância como uma categoria geracional universal compreendendo todas as crianças nesta unidade.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência de colaboração em pesquisa executada em atividades curriculares do âmbito da graduação em Pedagogia. Como aporte teórico, retomamos a história da formação de professores/as e refletimos sobre a relevância da pesquisa nesse processo. Registramos uma iniciativa de colaboração vivenciada por duas licenciandas, no contexto de dois projetos de pesquisa distintos, para suas monografias de conclusão de curso. A colaboração se deu nas atividades de campo de ambas as pesquisas: uma entrevista que ocorreu em dois encontros e em oficinas de grupo realizadas em quatro encontros. Uma docente foi entrevistada e crianças participaram das oficinas, todos em escolas públicas. O texto expõe detalhadamente a metodologia adotada. Nosso olhar analítico sobre a experiência gerou como resultados uma discussão acerca do papel da pesquisa na formação de professores/as e a necessidade de visualizarmos docentes e estudantes de licenciatura como pesquisadores/as. A colaboração apresentada entre as graduandas refletiu uma experiência de formação em pesquisa, que resultou na construção de novas perspectivas metodológicas, no exercício do olhar externo sobre a escola e seus atores/atrizes e na construção de experiências coletivas por parte das pesquisadoras.
O presente trabalho discute como crianças indígenas têm sido abordadas nas pesquisas em psicologia no Brasil. Para isso, apresentamos resultados de levantamento bibliográfico realizado na área da psicologia, cotejando-os com outras três áreas do conhecimento (educação, antropologia e sociologia), por meio do qual contemplamos artigos publicados em periódicos nacionais considerados de alta qualidade. Primeiramente, foi feita seleção dos periódicos para considerar apenas os promovidos por instituições brasileiras de cada área. Selecionamos 192 revistas, sendo 42 da psicologia. Depois, oito descritores foram buscados nos resumos dos artigos, sem aplicação de qualquer restrição quanto à data de sua publicação. Considerando as quatro áreas, ocorreram 6.264 artigos, mas apenas 36 (0,57% do total) reportam pesquisas sobre infância(s)/criança(s) indígena(s). Especificamente da psicologia de 2.946 ocorrências, apenas 4 (0,13% dos artigos da área) tratam dessas crianças. A leitura integral dos trabalhos mostrou que, quando tais crianças são ouvidas, os desenhos, a identidade, a cultura, as brincadeiras das crianças indígenas aparecem como temas para a psicologia. O trabalho demonstra a pouca visibilidade desse grupo geracional, étnico e racial nas áreas pesquisadas, permitindo constatar que a psicologia precisa cada vez mais dedicar-se à escuta dessas crianças em contextos de pesquisa.
A presente pesquisa objetivou compreender se/como ocorre a participação de crianças no cotidiano da Educação Infantil, a partir de estudo de caso numa pré-escola localizada no Sertão de Alagoas. Foram realizadas observação participante e algumas atividades pedagógicas com crianças no ambiente educativo. Uma turma do Jardim I foi envolvida na pesquisa, com 24 crianças na faixa de quatro a cinco anos de idade. As análises dos relatórios de campo refletem o fenômeno da participação de crianças no contexto estudado. Apresentamos as formas pelas quais as crianças agem criativamente e tomam posse do local e da dinâmica em que estão inseridas. São relatadas cenas do cotidiano infantil que nos permitiram pensar analiticamente sobre participação. Observamos que a ação das crianças depende muito do olhar do adulto, pois ele é quem ocupa o papel de prevê-la no processo de ensino e aprendizagem e/ou de, ocasionalmente, não a reconhecer.
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