No final de dezembro de 2019, autoridades internacionais são alertadas sobre a existência de um novo tipo de coronavírus, responsável por causar a doença COVID-19, que até meados de julho de 2020 infectou quase 13 milhões de pessoas e matou aproximadamente 600 mil em todo o mundo. Nesse período, o Brasil alcançou a triste marca de segundo país em número de contaminados, quase 2 milhões, e de mortes, mais de 75 mil. Com a definição de que se vive uma pandemia, os idosos, população com sessenta e mais anos, são reconhecidos como os mais afetados e, automaticamente, convertidos em “grupo de risco”. Nesse ensaio discuto como os estudos sobre envelhecimento são impactados pela conversão dos idosos em “grupo de risco” e reflito sobre desdobramentos do emprego dessa classificação na revalidação de imagens estereotipadas da velhice.
As Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC desencadearam mudanças nas relações pessoais e familiares. Nesse contexto digital, podemos dividir seus participantes em nativos e imigrantes digitais. O objetivo deste artigo é discutir a influência da virtualidade no relacionamento entre pais e filhos jovens, considerando os aspectos geracionais dessa relação, a partir de revisão da literatura sobre geração, adolescência/juventude e virtualidade e fragmentos de entrevistas realizadas com jovens entre 15 e 24 anos e seus pais. Diversos impasses e desafios são percebidos na relação parento-filial. Há muito a ser percorrido pelos membros dos dois grupos para que os canais de sociabilidade, com a mediação das TIC entre eles, não fiquem fragilizados. A percepção de que a presença das TIC no cotidiano das famílias pode gerar dissociação e não sociabilidade parece ser o maior desafio a ser superado, particularmente para os pais.
A participação política pensada a partir de recortes geracionais tem atribuído às ciências sociais novas e inquietantes questões. Neste artigo se analisa o comportamento político dos jovens e dos idosos residentes na cidade de Maringá, norte do Paraná, com base em dados fornecidos por um survey aplicado para uma amostra da população da cidade ao longo do ano de 2011. O artigo está organizado em três partes: na primeira se discute como juventude e velhice são categorias socialmente construídas, sendo que, na atualidade, os jovens são considerados em função do vertiginoso crescimento demográfico dos idosos; na segunda, dá-se dimensão à presença dos jovens e dos idosos em Maringá, e na terceira, discute-se o comportamento político dos jovens e dos idosos nesse município.Palavras-chave: juventude, envelhecimento, comportamento político, demografia de grupos geracionais. IntroduçãoA participação política, pensada a partir de recortes geracionais, tem colocado às ciências sociais novas e inquietantes questões. Algumas fortes representações criadas pelo senso comum destinam aos jovens e aos velhos, grupos que ocupam os extremos do ciclo da vida, ora posições semelhantes, ora posições diametralmente opostas. Assim, muitas vezes jovens e idosos são classificados como os grupos que menos participam do mundo da política, em suas diversas dimensões: partidos políticos, movimentos sociais, contestatórios e reivindicatórios, processos eleitorais etc. Uma confirmação dessa postura distanciada de jovens e idosos das formas de participação política poderia, segundo essas classificações, ser confirmada com o reconhecimento tardio desses grupos geracionais como sujeitos de direitos específicos, pois, no Brasil, os estatutos do Idoso e da Juventude tiveram aprovação em outubro de 2003 e agosto de 2013, respectivamente. Em outros momentos, a juventude é classificada como um grupo que naturalmente tende à contestação, sendo ela vinculada às atitudes progressistas no universo da participação Resumo
O livro de Cid Benjamin, jornalista e líder estudantil em 1968, descreve e analisa a organização da guerrilha urbana no Brasil durante a ditadura militar, sua trajetória no exílio, o retorno ao Brasil, em 1979, a atuação na formação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, sua saída desse partido e o ingresso no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em 2005. Benjamin trata, também, de um tema tabu para sociedade brasileira: a tortura. Ele conta, de forma detalhada, a rotina, os meios, as formas, os mecanismos, as condições, enfim, a "engrenagem" que viabilizou o funcionamento da tortura dentro dos aparelhos de repressão e controle do Estado brasileiro desde 1964 e explica como ela ficou mais dura e generalizada no final dessa década, quando da publicação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, ato que, entre outras barbaridades e inconstitucionalidades, proibia a concessão de habeas corpus para acusados de crimes políticos, dando, como destaca ou autor, "sinal verde para a tortura". O livro tem prefácio de Milton Temer, apresentação feita por Benjamin e, cabalisticamente, 13 ensaios críticos. Um epílogo e dois importantes anexos -o manifesto lido nas emissoras de rádio e televisão e publicado nos jornais, quando do sequestro do embaixador norte-americano e o depoimento prestado por Cid ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro sobre a atuação do médico Amilcar Lobo nas seções de tortura a que foi submetido.Ao longo do livro, Cid Benjamin alterna momentos em que relata episódios por ele vividos com reflexões teóricas sobre os rumos da guerrilha, dos agrupamentos de esquerda e da conjuntura política. Já na apresentação, entrega, para o leitor, ainda que entre linhas, sua postura em relação à luta armada: ela foi uma decisão errada. O autor parece advertir o leitor de que ele não vai encontrar no livro uma apologia daquela ação passada. Em outro momento, afirma que a luta armada foi uma estratégia equivocada e seria derrotada de qualquer forma, por não apresentar qualquer eficácia política (p. 99).
Homens e mulheres vivenciam o envelhecimento de formas distintas, do mesmo modo, há diferenças na criação e no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Assim, o objetivo deste artigo é entender se o uso das TIC pode ressignificar a velhice atentando-se também a possíveis melhorias na qualidade de vida a partir da integração aos processos de inovação tecnológica. Também buscamos compreender as diferenças nos usos das TIC por homens e mulheres idosas. A netnografia fez-se presente nesse processo, observamos o comportamento online de idosos e idosas em redes sociais, além da realização de um questionário online com perguntas diversas relacionadas ao uso da internet. Com o questionário online observou-se maior interesse feminino em assistir filmes e séries, beleza, artesanato e receitas. O interesse masculino ficou circunscrito às notícias diárias sobre diferentes assuntos e àquelas sobre esportes e somente os homens citaram que usam a internet para trabalho.
O presente artigo reflete sobre como a pandemia de COVID-19 atualizou estereótipos da velhice e do processo de envelhecimento populacional no mundo. Investigamos diferentes momentos de construção de visões da velhice em documentos produzidos por organismos internacionais responsáveis por debater e propor ações para que o envelhecimento mundial colabore com o desenvolvimento das sociedades e dos estados. Mostramos como, recentemente, há uma atualização da imagem do idoso como um ser frágil, inativo e custoso ao Estado e como tal percepção não combina com os esforços anteriores à pandemia, que celebravam o envelhecimento como uma vitória e o apresentavam como um desafio até chegarmos no contexto em que se tornou possível discutir a classificação da velhice como doença. A metodologia utilizada inclui a análise de documentos oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) e a interpretação dos discursos de representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os meses de dezembro de 2019 e março de 2020. As principais conclusões deste artigo foram a de verificar as disputas existentes nas sociedades ocidentais sobre o debate acerca da velhice e do envelhecimento, a presença de uma narrativa preconceituosa (idadismo) e a associação da velhice à ideia unilateral de vulnerabilidade à Covid-19.
Esse artigo objetiva discutir dimensões da qualificação dos números de mortes por COVID-19 contadas pelo Projeto Inumeráveis, observando narrativas criadas para os momentos de despedida. Por meio da análise de algumas histórias, a partir de Maringá e Belo Horizonte, buscamos compreender como as perdas são elaboradas por uma sociedade que vive a crise sanitária em um contexto de predomínio da cultura digital e da divulgação de informações em ritmo acelerado em razão da predominância das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no cotidiano das pessoas. Os exemplos indicam que o sentimento de perda e luto é coletivamente vivido, ainda que guarde uma dimensão de tratamento do indivíduo, e precisa ser comunitariamente elaborado para que as mortes evitáveis não se repitam, posto que há fortes indícios de que se a gestão da crise sanitária tivesse recebido mais atenção e controle do poder público o desfecho poderia ter sido menos traumático.
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