ResumoO presente artigo parte da inter-relação analítica entre corpo e mundo social para se debruçar sobre a articulação entre o corpo e a cidade, duas dimensões materiais, geográficas, sociais e políticas que se perpassam e se influenciam como territórios físicos e culturais de produção e enunciação de processos sociais e políticos. Enfocando, sobretudo, as vidas e os corpos das pessoas que vivem ou trabalham em situação precária nas ruas, pontuamos que a produção e a reprodução da vida diária têm o espaço físico e as redefinições contínuas sofridas por ele como sua base e condição cotidiana de existência. Nesse sentido, o corpo aparece não apenas como presença imagética e material ou como metáfora de projetos urbanos, mas como uma experiência concreta, múltipla e influente na própria constituição da cidade. Nessa relação específica de escala entre corpo e cidade, portanto, a condição de precariedade aparece como fundamental, pondo a nu e de forma conflitiva como as condições socioeconômicas, bem como as imposições do poder urbanístico sobre determinados sujeitos, vão moldando corpos abjetos resistentes e tendo paisagens urbanas redesenhadas.
Palavras
AbstractThis article discusses the analytical interrelation between the body and the social world, in order to focus on the articulation between the body and the city. Both are material, geographical, social and political dimensions; they constitute physical and cultural territories of production and enunciation social and political processes, permeating and influencing each other. Taking in particular account lives and bodies of people working or living in precarious situation in the streets, we claim that the production and the reproduction of daily life is conditioned by the physical space and its continuous redefinitions. In this sense,
From research experiences with homeless people, we seek to discuss the possibilities and challenges of the ethnographic and cartographic method, as they have been used in anthropology and psychology, from the perspective of interdisciplinary dialogues and compositions. The precarious living conditions of people on the street, who hang between exclusion and resistance, continually challenged us and imposed reflections on the relations between the researcher, the participants and the institutions in the research field. In this article, we present the premises of a methodological composition that we call "ethnocartographing" in an ethical and political dialogue about the act of research as an affirmation of life. We emphasize that the proposed approach does not translate into methodological techniques, but corresponds to an immersion into the universe of the other in which writing constitutes an important dimension of knowledge production between research and life.
Este artigo trata das implicações que a mobilidade transnacional tem para as formas de habitar o mundo. A partir da análise das experiências migrantes de goianos que se deslocam para Portugal, exploro como as relações de vicinalidade e de coabitação constroem-se em função da dimensão temporal e espacial deste trânsito. A vicinalidade, entendida como agrupamentos de entreajuda que envolvem distintas relações sociais e formas de solidariedade e conflito, promove uma reelaboração das relações de mutualidade dos migrantes em circulação. Através dela que se garante o sucesso ou o fracasso deste deslocamento, na chegada e na adaptação no local destinado, e na manutenção dos laços que deixaram. As tramas da vicinalidade estão sujeitas a imprecisões, turbulências emocionais, falhas práticas, negociações, reconfigurando tanto as interações familiares e de amizade quando a própria noção de coabitar. Desta perspectiva, explorar o conceito de vicinalidade parece ser bastante produtivo para pensar esta mobilidade migratória.
O presente artigo descreve brevemente o crescimento da circulação de imagens e bens culturais brasileiros pela cidade de Londres, e a relação deste crescimento com a imigração brasileira emergente na última década. A partir de 2000, houve um aumento de estilos, tendências e produtos culturais sobre o Brasil que deram maior visibilidade ao país e permitiram a emergência de novos produtos culturais. A imigração brasileira crescente auxiliou no fomento transnacional destas imagens, e estas, ao mesmo tempo em que tiveram peso nas vivências dos brasileiros na capital inglesa, também colocaram o imigrante em constantes processos de renovação identitária.
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