Os autores tecem considerações sobre a militância no campo da saúde, em especial na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto uma política pública universal. Após apontar algumas estratégias desta militância, o texto discute o centralismo e o caráter identitário dessas práticas. Destacam e problematizam quatro formas de centralismo: do "bem comum" em suas representações; o procedimento como oferta de tecnologias de saúde; do usuário e as concepções sobre suas necessidades/demandas; e da proteção inadvertida da vida. Propõem, como alternativa, uma nova militância no SUS, como prática intensiva e produzida no encontro, na dimensão relacional, entre gestores, trabalhadores e usuários.
INTRODUÇÃO: o Programa de Residência Multiprofissional sobre o qual relataremos objetiva articular demandas dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) aos equipamentos da rede, integrando um propósito de aprendizagem e um processo de formação profissional que vai além dos conhecimentos específicos. a construção desse processo torna-se possível pelo trabalho em equipe, no qual a lógica é olhar por diferentes perspectivas que devem se integrar, caminhando em direção a outros modelos de cuidado que colocam em questão a atuação fragmentada na atenção à saúde, garantindo a aplicação dos princípios e diretrizes do SUS na prática. OBJETIVO: Caracterizar o processo de trabalho dos residentes no programa de residência multiprofissional. MÉTODO: Relato de experiência dos residentes das áreas profissionais de educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, psicologia, serviço social e terapia ocupacional. RESULTADOS: Buscou-se um processo de trabalho no qual os projetos terapêuticos formulados pudessem transcender a lógica biomédica e assim focar no usuário e em suas reais necessidades, apostando no trabalho interprofissional, na qualificação das práticas de acolhimento e de articulação com a rede de serviços. para tal finalidade lançou-se mão de estratégias como: a ampliação do setting terapêutico, proporcionando espaços de escuta em outros ambientes além do leito hospitalar e dos consultórios nas Unidades Básicas de Saúde; a compilação de dados sobre os serviços existentes na rede em diversas linhas de cuidado; a participação em discussões de caso com equipes de diferentes serviços; o reconhecimento dos territórios de atuação; e a criação de instrumentos que potencializaram os fluxos de referência e contrarreferência. o processo de cuidado estabelecido facilita a aprendizagem dos envolvidos, na medida em que amplia o olhar do indivíduo e seu entorno, a partir da troca de saberes entre usuários e profissionais. a organização e articulação da rede intersetorial do município apresenta entraves na comunicação e compreensão dos papéis dos serviços de saúde, educação e assistência, dificultando o compartilhamento dos saberes das diferentes áreas e a corresponsabilização dos profissionais pelo cuidado, demandando uma disponibilidade em relacionar-se, nem sempre presente entre os profissionais envolvidos. CONCLUSÃO: a aproximação da equipe com os usuários acontece por meio de uma interprofissionalidade que, de um lado, realiza o acolhimento disponibilizando um espaço-tempo de criação de laços e escuta prospectiva e, de outro, o encaminha e aproxima dos equipamentos sociais e de saúde, além de auxiliá-lo, se necessário, a fortalecer seus vínculos pessoais. para tanto consideram-se importantes: a criação dos processos de trabalho em equipe, a divisão de tarefas, a corresponsabilização dos pares e a devolutiva das atividades que estão em curso para o coletivo.
O presente trabalho é um relato de experiência do estágio curricular de Oficina de Criatividade, realizado com população de rua. Esta modalidade de intervenção visa atender populações que normalmente estão à margem dos serviços tradicionais de psicologia. Utiliza técnicas expressivas como meio de acesso às experiências humanas e sua finalidade é favorecer a transformação das relações e ampliar o horizonte existencial de cada integrante. A perspectiva teórica adotada a respeito do trabalho com população de rua pressupõe o distanciamento da patologização dos comportamentos desviantes e moralmente estabelecidos e prioriza a valorização, a aproximação e o reconhecimento dos diferentes modos de ser e estar no mundo. A experiência aqui descrita atendeu a este propósito na medida em que os participantes puderam refletir e compartilhar seus saberes, histórias e cultura, sentindo-se valorizados para reconhecer ou construir e comunicar seu posicionamento crítico a respeito de certa institucionalização concreta e cultural dos serviços socioassistenciais e psicológicos direcionados a este público. Desde modo, entendemos que a Oficina de Criatividade favoreceu mútuas afetações entre pesquisador, pesquisado e instituição, num exercício de ressignificação sobre o fazer psicológico e seu potencial transformador.
As obras de Deleuze e Guattari trazem estratégias para o enfrentamento de maneiras endurecidas de sentir, pensar e conceber. Os universais vagos são abandonados em nome de uma filosofia prática. Com base nesta filosofia a presente dissertação visa disponibilizar uma ideia de cartografia que, em contraponto à colocação de questões da ideia sob a forma "Que é?", remaneja as questões da ideia para dinamismos espaçotemporais. Este remanejamento dispara uma maneira processual e intensiva de conceber os problemas, com um propósito suportivo para a efetivação das cartografias de casos aqui não dados. Trabalharemos com alguns agenciamentos teóricos que visam sustentar a efetivação de uma cartografia. Para isso elencamos a noção de processo esquizo compreendida a partir do inconsciente maquínico que traz, de um lado uma processualidade compreendida entre esquizofrenia e paranóia e em paralelo, entre metafísica do demoníaco e máquinas desejantes. Também trabalhamos de maneira sucinta com as noções de virtual e atual, individuação, devir, latitudes e longitudes, entretempos, linhas, estratos, meios, juízos, caos, agenciamentos, mapas, plano de consistência. Essas noções procuram tratar da movência de um caso que se transversalise por "n" campos de conhecimento, ao passo que, como disciplina distinta de uma cartografia, colocamos a intersecção entre Artes, Filosofias e Ciências, pois cada uma destas três disciplinas trata a seu modo e sem hierarquia, as questões vitais que uma cartografia trabalha.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.