RESUMO. O trabalho tem por objetivo retomar a concepção freudiana da sexualidade infantil, discutindo seu valor estruturante na constituição da subjetividade da criança. Ao demonstrar como Freud enfatiza a noção de uma construção subjetiva que é fundada a partir da relação com o outro, o texto subverte a noção de cronologia presente nas etapas do desenvolvimento psicossexual para ressaltar o fator infantil presente e inerente à condição humana.
O objetivo deste artigo é investigar a constituição emocional e psíquica de crianças de duas favelas do Rio de Janeiro, onde são constantemente expostas a uma realidade de medo, terror e desamparo, e o potencial traumático precisa ser considerado. Baseado em uma prática clínica ampliada desenvolvida com essas crianças, o artigo discute o papel da hospitalidade e empatia fornecidas pela comunidade que parecem contribuir para um desenvolvimento saudável. Um desenvolvimento emocional precoce, no entanto, pode ser observado como medida de prote ção desenvolvida pelas crianças numa tentativa de “sabiamente cuidar de si”.
Ce texte propose de réfléchir sur l’isolement et la non communication en tant que des stratégies de subjectivation fondamentales à partir de la contribution de Winnicott et Ogden qui postulent l’isolement comme une condition nécessaire à la constitution psychique. Quelques extraits d’un cas d’un enfant qui a subit une situation traumatique montre encore l’importance de l’isolement et de la position autistique-contigue dans le cadre analytique.
Resumo Neste artigo, propõe-se discutir diferentes formas de comunicação existentes na clínica psicanalítica, para além da linguagem verbal, tendo como base os processos de simbolização primária e a importância de uma ampliação na escuta do analista. Tomando como base os escritos de René Roussillon, adentramos no campo da intersubjetividade para refletirmos acerca de uma escuta diferenciada que passa a ser requerida pelo analista na direção de possibilitar o acolhimento de diferentes formas de comunicação. Nestes casos, algo diferente da palavra se torna audível, trazendo à tona falhas referentes ao trabalho de representação, de forma que processos de simbolização mais arcaicos surgem dotados de outras vozes, como tentativa de ampliar teoricamente os alcances da simbolização e da representação.
Brun et al. Multidisciplinary Approach to Therapeutic Mediations play in the evaluation of therapeutic mediation settings, with a convergence of the different disciplines emphasizing the pertinence of this model. The scientific impact of this research overlaps with its societal impact, through the development of innovative tools for evaluating therapeutic mediations, in order to take account of the evolution of the different forms of social expression of psychic suffering.
O objetivo deste artigo é analisar o fenômeno das automutilações na adolescência a partir da articulação do registro do corpo à dimensão arcaica do tempo. As automutilações se caracterizam pelo ato de ferir o próprio corpo voluntariamente, sem intenção consciente de morte. É através do corpo que se manifesta um sofrimento que ultrapassa os limites psíquicos do sujeito, encontrando uma via de expressão radical daquilo que o faz sofrer. O caráter radical desta resposta aponta para a complexidade dos primórdios da constituição psíquica. Neste cenário, propõe-se compreender as automutilações na adolescência como uma via atual através da qual algumas vivências da ordem do arcaico se apresentariam. Elas conjugariam, em um curto-circuito do tempo, passado e presente, abrindo caminhos para a ressignificação de vivências irrepresentáveis.
O objetivo do presente artigo é analisar a estreita relação entre o fenômeno das automutilações e a problemática dos limites, tendo como ponto de partida o ataque à pele como condição de possibilidade para essa prática. A pele remete à sensorialidade e às primeiras noções de eu, tendo como função proteger nossa individualidade e fundamentar nossa troca com o outro. Ela contém uma premissa de integração, constituindo-se como uma fronteira que marca os limites da própria existência. Nas automutilações, a agressão à pele denuncia um prejuízo na construção da diferenciação entre sujeito e objeto, deixando em evidência uma confusão nos limites do sujeito. Nossa hipótese é a de que o recurso ao corpo, mais especificamente o ataque à pele, nas automutilações, surge como uma tentativa de contenção do eu em momentos nos quais o sujeito sente que pode haver o risco da perda da integridade narcísica.
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