O processo de democratização do acesso à educação superior traz à tona a temática do protagonismo estudantil na universidade. Qual o papel reservado aos acadêmicos? Eles têm espaço e possibilidade de contribuir na concepção das políticas institucionais, ou são tidos como meros clientes? Em um contexto de mercantilização da educação superior, como pensar o protagonismo político e crítico dos estudantes na universidade? Tomando como referência a experiência de construção de um documento denominado Política dos Estudantes em uma universidade comunitária localizada no sul do Brasil (Universidade de Passo Fundo), o artigo reflete sobre o protagonismo estudantil na educação superior, em especial no modelo institucional comunitário. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos dados consistem na narrativa dos estudantes que participaram da construção do documento. O tratamento dos dados se deu a partir da análise de práticas discursivas e está ancorado em dois eixos de análise: a) O papel dos estudantes: do protagonismo individual ao protagonismo coletivo e b) Voltar-se para a comunidade como marca do protagonismo estudantil. O estudo revela que os estudantes desejam fazer parte da universidade para além da sala de aula, participando coletivamente da construção da instituição. Mostra, ainda, que o protagonismo estudantil se faz pela potencialização da relação com a comunidade, tendo força para levar a universidade comunitária a aproximar-se cada vez mais de sua natureza, princípios e missão públicos.
Universidade, território e transformação social: um tripé possível para pensar a extensão universitária. Este é o título do livro que, ao apresentar "reflexões em torno dos processos de aprendizagem em movimento", conduz o leitor para uma viagem além fronteiras, sendo possível perceber experiências extensionistas da Universidad Nacional de Avellaneda, Argentina. Esta obra foi primeiramente publicada em espanhol com o título Universidad, territorio y transformación social: reflexiones en torno a procesos de aprendizaje en movimento (2014) e teve uma versão e-book publicada em 2015. Já a versão em língua portuguesa e edição brasileira surge de esforços institucionais entre a Universidade de Passo Fundo e a Universidad Nacional de Avellaneda. Conforme Dalmolin (2016), a edição brasileira foi editada em um momento em que as instituições de educação superior do país trouxeram ao debate a curricularização da extensão.Qual é o papel da universidade pública na sociedade? Esse questionamento é colocado no primeiro capítulo da obra, que se intitula "Caminhos e discussões em torno do papel da universidade pública". O autor traz ao debate o papel da universidade na sociedade, dando ênfase às universidades públicas. Assim, primeiramente, pontua o resgaste histórico da universidade, que teve sua gênese localizada na Europa e distanciada do contexto local no qual estava inserida. Relata, ainda, que na América Latina a validação das universidades não foi diferente da europeia, ou seja, criada a partir das classes dominantes e da Igreja Católica. Diante desse contexto, o autor questiona quais os desafios atuais no que tange à autonomia e ao lugar social da universidade. Por oportuno, esse debate deve pressupor, necessariamente, a compreensão de que "a universidade já não deve se arrogar um lugar privilegiado na condução política da produção de conhecimento socialmente válido e legitimado, deve também produzi-lo junto ao seu povo" (2016, p. 32).
Este artigo reflete sobre a obra de Paulo Freire dentro da perspectiva interdisciplinar nas ciências humanas, tendo como objetivo explorar a hipótese de que estamos diante de um autor conectivo. Organizado por meio de pesquisa de natureza bibliográfica e um exercício de tipo “estado da arte” nos anais do Grupo de Trabalho (GT) 06 “Educação Popular” da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) nas últimas quatro Reuniões Nacionais, o texto se insere no debate da educação popular e discute fundamentos da atualidade do pensamento pedagógico de Freire em relação a temas, teorias e metodologias de produção e circulação do conhecimento. O trabalho investigativo sugere que Freire é autor de uma obra conectiva, interdisciplinar e plural, demonstrando seu vigor teórico e prático em contexto histórico de ataque ao seu legado no Brasil.
A invisibilidade da produção científica de mulheres no campo da Educação Popular é o tema deste artigo. Compreende-se que o conhecimento popular e o acadêmico se encontram em espaços institucionais que possuem legitimidade na construção de tradições de apreensão e intervenção em realidades sociais. Dentro da tradição freireana, a palavra tem lugar político como elemento de afirmação ou opressão, sendo importante a busca pela coerência entre o discurso (falado e escrito) e a prática libertadora da Educação Popular. Nesse sentido, este trabalho realiza discussão teórica sobre feminismos a partir de texto crítico sobre a presença de mulheres no Grupo de Trabalho (GT) Educação Popular da ANPEd. Além disso, faz um exercício de estado do conhecimento dos anais do Fórum Paulo Freire do Rio Grande do Sul (2018 e 2019), objetivando problematizar a presença dos estudos de gênero e feministas nestes espaços, bem como a autoria de mulheres. Caracterizadas na fronteira entre o campo acadêmico e a militância, as pesquisas e práticas em Educação Popular parecem não fugir dos desdobramentos da sociedade patriarcal e machista, ainda que esse quadro esteja em permanente tensão nos últimos anos. O estudo realizado permite a denúncia das opressões e invisibilidades das mulheres mesmo em espaços acadêmicos de natureza progressista, assim como o anúncio da afirmação histórica do protagonismo feminino, ponto estratégico para a construção de novos saberes e sociabilidades.
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