O presente artigo é parte de uma investigação mais ampla acerca da natureza do design. Por essa razão, partimos de conclusões anteriores (SILVA; MORAES, 2019), onde sustentamos que o design, enquanto um campo com indeterminações, se mantém, na atualidade, a certa distância do conceito de ciência. No entanto, não entendemos esses componentes indeterminísticos nem esse distanciamento como problemas, pois eles ampliam as possibilidades de conexão deste campo com outras áreas do saber, algumas também com características não científicas, como a arte e a filosofia. O objetivo na etapa atual da pesquisa é encontrar elementos de natureza distinta da epistemológica, que possibilitem compreender os fundamentos do design em sua singularidade. Deste modo, no artigo atual, ao nos afastarmos temporária e intencionalmente da via da ciência, nossa escolha recai sobre a ontologia, por sua anterioridade de fundamentos em relação à diretiva epistemológica. Como interlocutor principal elegemos Martin Heidegger em seu ensaio A origem da obra de arte, apoiados na interpretação de Philippe Lacoue-Labarthe, e deslocamos os desdobramentos de suas reflexões ontológicas da arte para o design, com o subsídio das reflexões de Tomás Maldonado e Vilém Flusser.
Este artigo apóia-se nas interpretações do filósofo Arthur Danto sobre as concepções de Andy Warhol e sua obra, procurando compreender como ocorre a apropriação de objetos do design por esse expoente da Pop-Art. Ao lado de Danto, o filósofo Thierry de Duve contribui para a compreensão das influências de Marcel Duchamp e do Dadaísmo, no trabalho de Warhol. O objetivo desta investigação é comprovar como a ação de Warhol promove uma mudança na significação dos objetos utilitários conduzindo-os do universo do design para o artístico. Nossa hipótese é de que a atuação desse artista, assim como a de seu antecessor, Duchamp, produz um deslocamento ontológico ao “transfigurar” objetos triviais, de uso cotidiano, em obras de arte, sem alterar suas características físicas.
O presente artigo tem por objetivo apresentar algumas particularidades da percepo visual humana, assim como possveis estratgias de construo de glifos que burlem os efeitos pticos indesejveis, no design de faces de tipos. A anlise se apia, principalmente, nos estudos realizados por Peter Karow e Karen Cheng sobre iluso de ptica aplicada tipografia e nas interpretaes que Walter Tracy e Victor Gaultney oferecem sobre os conceitos de legibilidade e leiturabilidade. A partir disso, uma exposio textual e ilustrada de alguns fenmenos pticos conhecidos serve de base para o que consideramos a contribuio deste trabalho para o design de faces de tipo: a elaborao de quatro princpios (estabilidade, obstruo, densidade e demarcao) e a organizao de conceitos, com a finalidade de propor critrios de correo e ajuste na forma dos glifos.[ Download ]
O presente artigo procura identificar e compreender matrizes estruturantes do pensamento de Vilém Flusser sobre o design, a partir das narrativas cosmogônicas do Prometeu grego e do livro Gênesis bíblico. Os ensaios de Flusser Sobre a palavra design e A alavanca contra-ataca, por concentrarem sua atenção no tema das origens do conhecimento, justificam sua relação com essas duas cosmogêneses da cultura ocidental e com nossa concepção de uma raiz comum para campos do saber, que na atualidade se encontram problematicamente cindidos e hierarquizados. Para estabelecer interlocução com a filosofia de Flusser, recorremos às posições de Gui Bonsiepe, Rafael Cardoso e Tomás Maldonado. Esses teóricos do design seguem caminhos semelhantes aos do filósofo e questionam a cisão do conhecimento e o papel do design diante das rupturas entre a ciência, a técnica e a arte. Como resultado desse método dialógico e analítico, identificamos e explicitamos capacidades de ampliação da realidade inerentes à Ponte Flusseriana.
O presente artigo busca caracterizar o sistema de escrita alfabético em relação à diversidade de sistemas existentes. Seu objetivo é aproximar designers tipográficos que projetam em múltiplas escritas de temas da linguística e da gramatologia, exigidos nesse campo de trabalho. Como estratégia de abordagem são analisadas as concepções do filósofo Vilém Flusser e do classicista Eric Havelock em contraposição às do linguista Peter T. Daniels e do historiador John Man. Do embate dessas quatro visões são extraídos alguns dos critérios que consideramos essenciais para subsidiar o design tipográfico multiescrita em seus aspectos linguísticos e gramatológicos.
palavras-chave:Sistemas de escrita; escritas; alfabeto; design tipográfico multiescrita; gramatologia.
O presente artigo parte de algumas das conexões entre ciência, técnica e arte em busca de compreensão do lugar ontológico que ocupa o design em relação a esses campos. Apoiados nas reflexões dos teóricos do design, Tomás Maldonado, Rafael Cardoso, Beat Schneider e Gui Bonsiepe, cotejamos suas posições com a proposta do filósofo Vilém Flusser, de pensar o design enquanto uma ponte entre ciência e arte. O resultado vai ao encontro do entendimento de que o design, enquanto um campo complexo e multidisciplinar, cobra reflexão e responsabilidade de assumirmos a relevância de suas atribuições.
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