Durante muito tempo, a história foi etnocêntrica. Hoje em dia os historiadores da Europa continuam manifestando pouca curiosidade pelo passado e pela historiografia que excedem as fronteiras de sua própria nação. Quanto aos especialistas da história mundial, tenderam a elaborar a sua visão do mundo a partir da Europa ocidental ou a partir de problemá-ticas que provinham da história deste continente. Por isso, na Europa e sobretudo na França costumamos distinguir os americanistas e os historiadores com "h" maiúsculo. Os primeiros dedicam-se à história da América enquanto os outros são os especialistas da história da França ou da Europa ocidental.Em face desse conservadorismo europeu e francês, a denúncia do europocentrismo tornou-se muito comum nos Estados Unidos. Desde os anos de 1980, nas universidades deste país, os cultural studies e os postcolonial studies multiplicaram as críticas contra o europocentrismo da história e das ciências sociais em geral. Denunciavam uma história que só seria a projeção do Ocidente, das suas categorias e das suas ambições sobre o resto do mundo.
A história comparadaPara limitar o etnocentrismo e ampliar os nossos horizontes, a histó-ria comparada pareceu uma alternativa possível. Mas as perspectivas que propõe podem ser enganosas. A seleção dos objetos que têm de ser comparados, dos quadros e dos critérios, as perguntas, os mesmos modelos de interpretação, continuam sendo tributárias de filosofias ou de teorias da história que muitas vezes já contêm as respostas às questões do pesquisaTopoi, Rio de Janeiro, mar. 2001, pp. 175-195.
RésuméComment échapper aux héritages des historiographies nationales et aux reproches d’européocentrisme? L’exploration des mondes de la Monarqu´ıa católica — l’ensemble des royaumes placés sous le sceptre des Habsbourg d’Espagne de 1580 à 1640 — peut éclairer les interactions qui s’amorcent alors entre les différentes « parties du globe ». Une série de paramètres semble définir cette aire au sein de laquelle « local » et « global » s’articulent de multiples façons. Les sociétés de la Monarchie catholique ont également en commun d’être des mondes mêlés, souvent fortement métissés et soumis à une même domination politique. Tels sont les premiers jalons d’une enquête qui envisage d’approfondir les rapports du métissage et du politique dans un cadre transcontinental où s’ébauche une première globalisation.
Serge Gruzinski et Agnès Rouveret, « Ellos son como niños ». Histoire et acculturation dans le Mexique colonial et l'Italie méridionale avant la romanisation, p. 159-219.
A partir d'une confrontation entre deux situations coloniales, d'emblée fort différentes, le Mexique sous la domination espagnole, la Grande Grèce et la Sicile avant la conquête romaine, on a tout d'abord cherché à préciser ce que les acquis de l'ethnologie pouvaient apporter à l'interprétation des faits que les sources anciennes ou les recherches archéologiques permettent d'établir dans un domaine particulier de l'histoire de l'Italie préromaine. Sur un plan plus général, on a essayé, d'une part, de vérifier la valeur opératoire de la notion d'acculturation pour l'étude des contacts entre populations et, d'autre part, de dégager, grâce à l'application d'une méthode d'analyse commune, certaines constantes ou, au contraire, certaines divergences, dans l'examen de la « pensée sauvage ».
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